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Município com maior número de casos de covid no AC, Assis Brasil vive crise migratória

Por SECOM

Uma equipe multidisciplinar da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) iniciou nesta segunda-feira, 15, uma série de encontros com gestores e profissionais que combatem o avanço da Covid-19 na regional do Alto Acre para unir esforços contra a doença. A primeira parada foi em Assis Brasil, município que faz fronteira com o Peru e que vive hoje uma crise migratória com centenas de pessoas tentando atravessar a Ponte da Integração em direção ao país vizinho.

Assis Brasil é hoje o município com o maior número de infectados pela Covid-19 no Acre, proporcionalmente. De seus pouco mais de oito mil habitantes, mais de mil já testaram positivo para a doença. A cidade conta apenas com três unidades de saúde, uma transformada em referência para suspeitas de Covid-19, com seis médicos para atender todo o município.

Durante o encontro dos gestores estaduais com os municipais, foi relatado que há oito dias Assis Brasil transfere pacientes de casos moderados a graves para a unidade referência em Brasileia ou para Rio Branco, mas com cada vez mais dificuldades em conseguir vagas devido a lotação das unidades.

Para ajudar o município, o governo prepara um levantamento da unidade estadual de saúde, se comprometendo também na busca para enviar mais testes rápidos e medicamentos. O chefe do núcleo de serviços em saúde da Vigilância Sanitária, Adwagner Prado, destacou que a fiscalização e a conscientização tem que ser reforçada durante a Bandeira Vermelha, fomentando uma parceria entre a Vigilância de Assis Brasil e a Polícia Militar junto às orientações do decreto estadual que define as restrições da classificação.

“Estamos fazendo todo um trabalho para reforçar as ações. A Assistência Social já tinha vindo no sábado, o governo do Estado já havia doado sacolões e agora estamos fazendo essa aproximação com a PM, além de uma verificação nas instalações da unidade de saúde mista. A cidade ainda segue muito agitada, então vamos nos esforçar com um plano de fiscalização e a criação de um disk-denúncia”, conta Adwagner.

Crise na fronteira

Assis Brasil é hoje palco de uma nova crise migratória, onde quase 400 pessoas de diversas nacionalidades, principalmente haitianos, tentam sair do Brasil em direção ao Peru, que fechou sua fronteira. Os imigrantes então montaram um acampamento na Ponte da Integração, na Estrada Intereoceânica, e se recusam a sair dali.

Desde o último final de semana o clima tem sido tenso na região. No lado peruano, dezenas de policiais e soldados do Exército estão em barricada contra o avanço dos imigrantes. No lado brasileiro, a Força Nacional e a Polícia Federal ajudam a manter a ordem, enquanto a prefeitura tenta ajudar com refeições e distribuição de água, mas já operando no limite orçamentário.

Segundo a secretária municipal de Saúde de Assis Brasil, Luciene de Araújo, mesmo com a fronteira fechada e sem uma expectativa de travessia, mais imigrantes chegam todos os dias, a maioria estrangeiros que vieram para o Brasil há quase uma década e que hoje planejam deixar o país com o objetivo de chegar ao México para poder entrar nos Estados Unidos ou mesmo seguir por outros países da América do Sul.

“Eles abandonaram o abrigo dentro da cidade e agora estão com um acampamento sobre a ponte. São muitas pessoas e embora ainda não tenhamos tido nenhuma notificação de Covid-19, é questão de tempo. Além disso, já estamos tendo que prestar assistência médica principalmente para mulheres grávidas e crianças que ficam desgastadas pela viagem e as condições precárias”, conta a secretária.

Ainda nesta segunda-feira, sensível à situação dos imigrantes, o governador Gladson Cameli solicitou mediação junto ao governo federal para eles possam entrar no Peru.

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