Cleyton Bitencourt, 26 anos, auxiliar administrativo e influenciador digital, está grávido de 40 semanas de sua primeira filha, Álex, fruto do relacionamento com sua mulher, Fabiana Santos, 28 anos, cabeleireira, uma mulher trans.
Atualmente desempregado por conta da pandemia do coronavírus, ele decidiu falar sobre a gravidez nas redes sociais e conta ao iG Queer que o primeiro grande desafio da gestação foi lidar com a disforia de gênero.
“Eu sofri antes mesmo de engravidar porque eu tive que parar com a minha hormonização, então eu estava regredindo praticamente com tudo que eu já estava me sentindo bem.
Depois, consegui engravidar, mas ainda estava lidando com a minha disforia”, narra o futuro papai que já aplicava no corpo o hormônio masculino há aproximadamente um ano.
Ele diz que o começo da gestação foi um período complicado, já que teve que reaceitar o seu corpo e imagem. “Fiz isso para focar no meu sonho que eu tinha acabado de realizar, que no caso é ser pai”, conta.
Na opinião de Cleyton, muitos homens trans desistem de engravidar justamente por causa da disforia: “Têm muitas pessoas que nem conseguem se imaginar lidando com a regressão da transição”, afirma e esclarece que agora está tranquilo com essa questão.
Fabiana também teve que parar com a sua hormonização para que a gravidez fosse possível, mas os dois não precisaram fazer nenhum tipo de tratamento.
“Nós não fizemos nenhum tipo de tratamento, simplesmente fomos a médicos para saber se estava tudo bem com a gente e tentamos. Nós paramos durante seis meses nossa hormonização para poder engravidar”, diz a mãe de Álex.
Cleyton fez vários exames para saber se o hormônio masculino não havia prejudicado de alguma forma o funcionamento de seu útero. Com os resultados negativos e indicando uma gravidez sem riscos, o casal engravidou de forma natural, sem grandes dificuldades.
Depois que Álex nascer, Cleyton pretende amamentar a filha. Após o desmame, ele quer voltar com a hormonização, já que planeja que ela seja sua primeira, única e última filha.
O casal conta que, ao expor a gravidez nas redes sociais, recebe muito apoio, mas os ataques existem. Vários perfis questionam a paternidade de Cleyton e a maternidade de Fabiana.
“Eu ouço isso [que é a mãe de Álex] até da minha mãe porque ela é bem transfóbica e mente fechada. Eu aprendi a ignorar exatamente para não me fazer mal durante o processo de gestação”.
Quanto aos médicos, Cleyton e Fabiana optaram por uma equipe de obstetras totalmente feminina.
“Essa escolha a gente fez pelo fato de elas já terem passado por gestação ou entenderem melhor o mundo da gestação”, explica ele. Felizmente, eles não sofreram nenhuma transfobia médica e têm muito apoio da equipe que escolheram.
Na reta final da gravidez, Álex pode nascer a qualquer momento. E Cleyton e Fabiana têm divido tudo em suas redes sociais e no canal deles no Youtube.
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