Estudar, trabalhar, ter direito ao voto, essas são algumas das inúmeras reivindicações que marcam o dia de hoje, conhecido como o Dia Internacional da Mulher. Símbolo de lutas, o 8 de março carrega consigo o marco de diversas mulheres que lutaram ao longo dos anos por direitos que podemos usufruir hoje. Porém, as lutas são diárias e, nos lares a lição de coragem é passada geração a geração.
Marlene Oliveira é encarregada de limpeza e não teve oportunidade de estudar, mas isso não a impediu de incentivar a filha Roberta Mascena, 25, a se formar em Pedagogia. Recém-formada, Roberta aprendeu com a mãe que para ir mais longe na vida, precisava se dedicar aos estudos. “Exatamente por minha mãe não ter tido oportunidade para estudar, ela sempre conversou muito comigo sobre isso”.
A jovem ficou conhecida nacionalmente quando decidiu homenagear a mãe na sua formatura, ao vestir por baixo da beca, o uniforme de trabalho da genitora. A surpresa foi uma forma de agradecimento aos valores aprendidos com a genitora. “Mulher de luta e superação, que veio de um nível não tão bom, mas que chegou no lugar que, para uns, não é nada, ser encarregada de faxina, mas para mim é demais”, declara a filha com orgulho.
Roberta foi exímia aluna da vida e dos ensinamentos passados pelos pais. “Aprendi com a minha mãe a ser humilde. Aprendi com meu pai a ser honesta. Aprendi com os meus amigos a ser respeitosa. Aprendi com os moradores de rua a ser sensível. Aprendi na escola a ser humana”, lista. Para ela, “todos os nossos momentos da vida são bem-vindos para agregar conhecimento porque nunca é o bastante”.
Força feminina que inspira
A força da mulher está retratada em livros, filmes, músicas, poemas etc. No entanto, é no exemplo doméstico que, muitas vezes, as meninas aprendem a admirar a figura feminina. Para a pedagoga Roberta, a luta da sua mãe é sua inspiração para contribuir para a formação de outras mulheres.
“Herdei dela a sensibilidade, a humildade, honestidade… minha mãe é muito arretada, herdei dela esse sangue arretado. Me considero uma pessoa que luta bastante pelos seus ideais e ela também. É sempre muito firme e isso me ensina muito como pessoa e mulher”, destaca a jovem.
Sua mãe saiu do Nordeste aos 13 anos de idade, abandonou os estudos e seguiu para trabalhar como empregada doméstica em Santos (SP). Retomou o contato com os livros na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), quando a filha cursava a 8ª série.
Roberta foi a primeira da família da sua mãe a ter um curso de graduação. Por isso, a vontade de mudar essa realidade e outras é o que motiva a jovem na profissão, que espera poder contribuir para que as pessoas consigam ocupar mais espaços. “Pretendo passar para os meus alunos a importância do conhecimento, do saber. Ensinar a respeitar o planeta, a natureza, as pessoas, a lutar pelos seus sonhos por mais difíceis que sejam. Quero que se libertem e desenvolvam dons e habilidades que, às vezes, nem eles sabem que têm”.