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“Se me sinto mulher, eu sou mulher. Essa data é também nossa”, diz acreana transexual

Por EVERTON DAMASCENO, DO CONTILNET

“Se me sinto mulher, eu sou mulher”. A frase foi dita pela estudante de psicologia Ramona Melo, de 23 anos, que é mulher trans e natural de Brasileia, no interior do Acre.

Interessada nos estudos sobre o comportamento humano e os processos mentais, a acreana disse que o Dia da Mulher, comemorado nesta segunda-feira, 8 de março, é também uma data das mulheres trans – o que deve ser reforçado, de acordo com ela, e considerado como direito previsto na Constituição.

O termo trans é utilizado para se referir a uma pessoa que não se identifica com o gênero ao qual foi designado em seu nascimento – o caso de Ramona.

Ramona é estudante de Psicologia/Foto: Arquivo pessoal

“Mulheres trans são mulheres e precisam ser respeitadas desta forma. É sobre ser quem se é. Essa data é também nossa, apesar de sermos vítimas de uma transfobia absurda neste país, em que boa parte da população, por ignorância e muitas vezes até por perversão, ignora e aniquila as diferenças”, destacou.

A transfobia é uma forma de preconceito contra pessoas transexuais que pode se manifestar em atos de violência física, moral ou psicológica.

Quando questionada sobre os desafios enfrentados em um cenário de aversão ao que foge da cisgeneridade – condição da pessoa cuja identidade de gênero corresponde ao que lhe foi atribuído no nascimento -, a psicóloga aspirante afirmou que, além da transfobia, no seu caso, sendo mulher, questões como machismo, misoginia e assédio são muito presentes.

“Por ser mulher e viver em uma sociedade patriarcal, além da transfobia, enfrentamos questões como o machismo, a misoginia, etc. É muito difícil ser trans em um país que mata mais transexuais no mundo e ser mulher em um nação cuja violência contra o nosso gênero é absolutamente medieval, cruel”, apontou.

Ramona acredita que a educação e o respeito são os caminhos mais adequados para quebrar preconceitos e gerar legitimação.

“É preciso acolher as pessoas como elas são. Isso parte do respeito e da Educação. Se me sinto mulher, eu sou mulher. Se alguém se sente homem, da mesma forma. Se valorizarmos o respeito e a Educação, faremos do mundo um lugar muito melhor para convivermos”, finalizou.

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