Uma imagem de uma idosa de 85 anos recebendo seu primeiro abraço em cinco meses em São Paulo foi eleita a foto do ano pela organização World Press Photo nesta quinta-feira (15).
O fotógrafo dinamarquês Mads Nissen capturou o momento em que Rosa Luzia Lunardi foi abraçada pela enfermeira Adriana Silva da Costa Souza, com a proteção de um plástico por conta do coronavírus, na casa de repouso Viva Bem, na Zona Oeste de São Paulo, no dia 5 de agosto de 2020.
O plástico transparente, com bordas amarelas dobradas em um formato semelhante a um par de asas, separava a enfermeira e a idosa abraçadas.
A imagem, feita para a agência Panos Pictures e para o jornal dinamarquês Politiken, também ganhou o primeiro lugar na categoria de Notícias Gerais da premiação.
Os juízes avaliaram 74.470 fotos de 4.315 fotógrafos antes de selecionar os vencedores em oito categorias, como Notícias Gerais, Esportes, Meio Ambiente e Retratos.
“Esta imagem icônica da Covid-19 lembra o momento mais extraordinário de nossas vidas, em todos os lugares”, disse o membro do júri Kevin Lee.
“Eu vi vulnerabilidade, entes queridos, perda, separação, morte, mas, mais importante, vi também sobrevivência – tudo em uma só imagem. Se você olhar para a foto por tempo suficiente, verá asas: um símbolo de voo e esperança”, completou Lee.
“A principal mensagem desta imagem é a empatia. É amor e compaixão”, disse o fotógrafo responsável pela fotografia em um comentário divulgado pelos organizadores do concurso.
Na cerimônia virtual de premiação, Nissen recebeu o prêmio de 5 mil euros e disse que a sua fotografia pode trazer alguma esperança em um momento difícil.
“É uma situação muito, muito difícil e sombria. Então, naquele horror, naquele sofrimento, acho que esta imagem também traz alguma luz”, disse Nissen.
Prêmio de meio ambiente
O fotógrafo brasileiro Lalo de Almeida também foi premiado no concurso da World Press Photo com o primeiro lugar na categoria Meio Ambiente com uma série de fotos sobre os incêndios no Pantanal em 2020.
As imagens, feitas para o jornal Folha de S.Paulo, mostram animais carbonizados, as chamas atingindo a mata e o trabalho de brigadistas para combater o fogo.
Entre janeiro e setembro do ano passado, 23% do território do Pantanal foi destruído por incêndios, segundo do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). As áreas queimadas aumentaram 122% na comparação com o mesmo período do ano anterior, e o fogo atingiu quase todas as unidades de conservação e terras indígenas deste bioma.