Os senadores da CPI da Covid-19 fecharam nesta sexta-feira acordo para a composição dos cargos de comando da CPI da Covid-19. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) será o relator da investigação, o que vai desagradar o presidente Jair Bolsonaro.
O colegiado será presidido por Omar Aziz (PSD-AM) e o vice-presidente será o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O acordo foi selado na manhã desta sexta-feira entre os oposicionistas e chamados “independentes” que integram a CPI. O governo ainda tentava operar para tirar a relatoria de Renan, mas como ele se acertou com o correligionário Eduardo Braga (DB-AM), nome que era o da preferência do Planalto, sedimentou a maioria a favor do seu nome.
O emedebista de Alagoas conta ainda com a promessa de apoio dos dois senadores do MDB, Aziz e Otto Alencar (BA), e dos três oposicionistas: Randolfe, Humberto Costa (PT-PE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Randolfe pleiteava a presidência, até mesmo pelo fato de ter sido um dos autores do requerimento que levou à sua instalação, mas cedeu para Aziz o posto para evitar que o senador do PSD fechasse acordo com a ala governista da CPI (que tem 4 integrantes) e isso desequilibrasse o jogo a favor de Bolsonaro no colegiado.
Mais importante que ter a presidência é a comissão andar, foi o raciocínio feito pela ala oposicionista. Para isso, eles têm de manter unido o grupo de seis senadores que agora se fechou em torno da composição dos nomes da direção dos trabalhos.
Os líderes governistas ainda vão tentar atuar para melar o acordo, tentando persuadir Braga a disputar a relatoria com seu correligionário do MDB. Mas trata-se de uma tarefa inglória: Renan e o amazonense integram o mesmo grupo dentro da bancada, e têm jogado afinados desde que o alagoano foi derrotado para a presidência da Casa, em 2019.
Os nomes do grupo governista que poderiam disputar a relatoria com Renan e tentar cabalar votos dos dois senadores do PSD são considerados muito fracos, e se Aziz romper o acordo selado nesta manhã pode perder maioria para se eleger presidente.
O próprio Aziz, com quem conversei na quinta-feira, já dizia que a chave para a escolha do relator estava no MDB: se Renan fechasse com Braga seria difícil para o governo evitar que ele ficasse com a relatoria da CPI.