Uma bebê de apenas quatro dias foi encontrada por um catador de materiais recicláveis dentro de uma caixa de papelão, na manhã de ontem, em Salvador.
Ao lado da recém-nascida, estava uma carta na qual os supostos pais a identificam como Sophia e pedem desculpas por abandoná-la diante da falta de condições financeiras (leia a íntegra mais abaixo).
A bebê foi encontrada na avenida Afrânio Peixoto, no bairro de Paripe, subúrbio ferroviário da capital baiana.
Após localizar a criança em frente a um estabelecimento comercial de transportes coletivos, o homem acionou uma equipe da 19ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar), que a resgatou e pediu auxílio a socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Em seguida, a bebê foi encaminhada para a unidade neonatal da Maternidade Tsylla Balbino, onde foi acolhida e está recebendo cuidados médicos.
Ao UOL, a diretora-geral da unidade, Rita Calfa, informou que a pequena Sophia passa bem, embora esteja em tratamento de fototerapia (exposição a raios de luz) por apresentar icterícia, condição decorrente do amarelamento da pele.
A bebê, que pesa pouco mais de 3,2 quilos, também passou por uma série de exames.
Um dos procedimentos foi realizado diante da suspeita de infecção, quadro que não se confirmou. Ainda assim, ela continuará sendo monitorada, segundo Calfa.
A diretora disse já ter comunicado o caso ao Juizado da Infância e Juventude e ao Ministério Público da Bahia.
A Sesab (Secretaria Estadual de Saúde) informou à reportagem que a criança deve ter alta dentro de três ou quatro dias.
‘Não tenho condições de te dar uma vida digna’, diz carta
No manuscrito que teria sido redigido pelo pai de Sophia, o casal relata não ter condições financeiras nem psicológicas para proporcionar uma vida digna à garotinha.
“Sei que o que estou fazendo é muito doloroso. Infelizmente, eu e sua mãe estamos vivendo uma vida muito difícil. Às vezes, não temos nem o que comer em casa. Dó muito fazer o que estou fazendo. Você ainda é muito pequena e não sabe ainda o que é a vida”, narra o início da carta.
Na sequência, o tom de despedida é reforçado por um pedido de perdão. “Sei que você não tem culpa por ter nascido, mas infelizmente não tenho condições de te dar uma vida digna. Espero um dia te ver novamente e poder te pedir perdão pelo que eu fiz. Espero que quem te achar cuide muito bem de você e te ame muito”, prossegue o autor, que menciona a última quarta-feira, dia 21 de abril e feriado de Tiradentes, como a data de nascimento da recém-nascida.
Ao fim da carta, os supostos pais torcem para que “ela cresça nos caminhos do Senhor”. “Saiba que nós te amamos, filha. Beijos de seu pai e de sua mãe”, finaliza o texto.