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Cientistas recomendam treino para reverter perda de olfato pós-Covid

Por METRÓPOLES

Foto: Pexels

Um dos tratamentos recomendados atualmente para pessoas que perderam o olfato após a Covid-19 é o uso de esteroides, também chamados de corticosteroides, porém especialistas da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, recomendam que, ao invés do medicamento, os pacientes passem por uma espécie de treinamento para que voltem a sentir cheiros.

Segundo um artigo divulgado no Fórum Internacional de Alergia e Rinologia, os exercícios podem ajudar a recuperação sem efeitos colaterais indesejados, como ocorre no uso de esteroides.

A recomendação é baseada em uma revisão de pesquisas, que concluiu que os corticosteroides não devem ser a primeira opção de tratamento para a perda do olfato causada pela infecção por Sars-CoV-2.

O objetivo é que o paciente tente sentir o cheiro de pelo menos quatro aromas diferentes duas vezes ao dia. A prática, contudo, pode levar alguns meses até que se obtenha algum resultado.

Os medicamentos costumam ser prescritos para indivíduos com o nariz congestionado ou inflamado, porém estudos abordados no levantamento mostram que estas duas condições não são as responsáveis pela disfunção olfatória observada em pessoas que tiveram Covid-19.

Por outro lado, o treino do olfato seria a maneira mais eficaz para reverter o efeito colateral após a infecção pelo coronavírus.

“O treinamento do olfato não tem efeitos colaterais conhecidos e é de baixo custo. Além disso, é o único tratamento disponível, apoiado por uma base de evidências robusta”, reforçam os especialistas.

Tradicionalmente, o treinamento olfativo depende de quatro odores: cravo, rosa, limão e eucalipto, mas também pode ser feito com outros aromas.

Segundo os médicos, pode ser benéfico focar em cheiros familiares, como perfumes, cascas de limão, baunilha ou café moído, e refletir sobre as memórias enquanto se sente os cheiros.

“Para obter os melhores resultados, você deve trocar os quatro cheiros a cada 12 semanas”, ensinam os especialistas.

Entretanto, os médicos pontuam que ainda não há estudos específicos que comparem o uso de esteroides e treinamentos olfativos no tratamento de pacientes que perderam o olfato.

Apesar disso, segundo eles, a prática de exercícios olfativos não é nova e já tem sido usada no tratamento de perda olfativa causada por outras infecções.

No trabalho, os especialistas citam uma comparação feita em 2020 entre potenciais tratamentos para perda olfativa pós-infecção viral, incluindo treinamento olfatório, esteroides sistêmicos, terapias tópicas, medicamentos orais não esteroides e acupuntura.

O levantamento em questão apontava o treinamento do olfato como “recomendação número 1” para casos semelhantes.

Os médicos estimam que cerca de 60% das pessoas que contraem Covid-19 experimentem algum distúrbio olfativo, enquanto cerca de 10% têm sintomas persistentes que podem durar de semanas a meses. A boa notícia é que a maioria dos pacientes apresenta melhora com o tempo.

Um estudo de janeiro desde ano com 1.363 pacientes com coronavírus e disfunção olfatória revelou que 95% dos pacientes recuperaram o olfato após seis meses.

Contraindicações

O uso de corticosteroides pode causar danos colaterais para a saúde, incluindo retenção de líquidos, hipertensão e alterações de humor. Além disso, de acordo com a pesquisa, podem não ser eficazes para fazer com que o olfato retorne.

Os especialistas afirmam que ainda não está claro que pacientes que fizeram uso do medicamento teriam melhorado por conta dos remédios ou por conta própria, como parece ocorrer com diversas pessoas.

“Até que estudos randomizados controlados por placebo possam ser realizados, devemos começar com o treinamento do olfato, e não com esteroides”, escreveram os autores.

Além de ser uma opção de tratamento barata, simples e sem efeitos colaterais, eles defendem que os exercícios têm como objetivo ajudar na recuperação com base na neuroplasticidade — a capacidade do cérebro de se reorganizar para compensar uma mudança ou lesão.

O lado negativo é o tempo do tratamento, que pode variar de acordo com alguns fatores, como a idade do paciente. Isso porque pessoas mais velhas, por exemplo, têm menos neurônios receptores olfativos.

Veja como o coronavírus ataca o corpo:

Foto: Yanka Romao/Metrópoles

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Foto: Yanka Romao/Metrópoles

Foto: Yanka Romao/Metrópoles

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