Cientistas revivem planta após 32.000 anos congelada
Por SOCIENTIFICA
No fim da década passada, em 2007, cientistas russos, húngaros e norte-americanos recuperaram sementes congeladas de Silene stenophylla, enquanto avaliavam aproximadamente 70 antigas tocas ou esconderijos de esquilos terrestres na Sibéria.
Assim, as tocas foram encontradas numa profundidade entre 20 e 40 metros, contendo restos de grandes mamíferos, incluindo os mamutes.
No local os pesquisadores puderem encontrar mais de 600.000 frutas e sementes, totalmente preservadas, há milhares de anos.
Então, um ano depois da descoberta a Academia Russa de Ciências conseguiu ressuscitar com sucesso uma planta com flores.
Planta do Pleistoceno bate o recorde com sobras
A conquista supera de longe o recorde anterior, que pertencia a uma planta trazida de volta após 2.000 anos, o dendê, encontrado na Judeia.
Neste caso, os pesquisadores tentaram germinar sementes maduras do fruto, mas não deu certo.
Então, resolveram voltar para o próprio fruto, cultivando plantas adultas a partir de tecido placentário.
Esses foram os frutos encontrados na Permafrost. Imagem: Yashina et al.
A equipe cultivou 36 espécimes do tecido, percebendo que elas eram idênticas às amostras modernas, até a etapa de floração.
Assim, as pétalas se mostraram mais longas e mais espaçadas do que as versões modernas da planta.
Além disso, chamou atenção o fato de que todas as sementes antigas germinaram, enquanto 90% das modernas chegaram a florescer. Contudo, os cientistas não conseguiram explicar por que isso aconteceu.
Por que uma planta sobreviveu tanto tempo?
Esse é “de longe o exemplo mais extraordinário de extrema longevidade para material de plantas superiores”, diz Robin Probert, do Millennium Seed Bank.
E ele continua: “não é surpreendente encontrar material vivo tão antigo, mas é surpreendente que material viável possa ser recuperado”.
Existem variadas respostas para o sucesso da recuperação da planta do Pleistoceno.
Conforme os cientistas russos envolvidos na pesquisa, as células do tecido possuíam bons níveis de sacarose, que atuava como um conservante.
Os pesquisadores indicam que a radiação gama da radioatividade natural do solo no local era muito baixo para prejudicar o DNA da planta.
Dessa forma, podem comparar com as sementes de lótus, germinadas anteriormente após 1.300 anos.
A planta foi regenerada a partir do tecido da placenta de frutos imaturos. Imagem: Yashina et al.
É possível ressuscitar espécies de animais extintos?
Probert pensa que as técnicas utilizadas na recuperação de Silene stenophylla talvez possam ser utilizadas para ressuscitar espécies extintas.
Até mesmo o paleontólogo Grant Zazula, que antes havia rechaçado possibilidades de uma regeneração voltou atrás.
“Essa descoberta eleva a fasquia incrivelmente em termos de nossa compreensão em termos de viabilidade da vida antiga no permafrost”.
Uma versão desta matéria foi publicada em julho de 2020.