O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (6), ao discursar na posse do novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que considera “natural” haver mudanças na pasta. O presidente deu a declaração ao citar a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que estão na estrutura do ministério.
Bolsonaro participou nesta terça de cerimônias de posse de Torres e de outros cinco ministros anunciados na semana passada.
O Palácio do Planalto divulgou a transcrição do discurso do presidente após as solenidades, que ocorreram na sala de audiências do palácio, fechadas para a imprensa e sem transmissão pelos canais oficiais do governo.
Durante o discurso, Bolsonaro lembrou que Torres é delegado da PF e que o novo ministro tem a “sua própria Polícia Federal” dentro da estrutura da pasta. Bolsonaro, ainda elogiou o trabalho do atual diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Eduardo Aggio, pouco antes de aludir a eventuais mudanças nos órgãos.
“Não é fácil, não, é um ministério complicado, mas é um mistério que tem muita responsabilidade. Abaixo de você ali, diretamente subordinado, entre outras, a sua própria Polícia Federal. Se o teu sonho um dia era ser policial, diretor-geral, como é de todo mundo, ser comandante do Exército, né? Faz Academia, atua por ser diretor-geral”, disse o Bolsonaro.
Delegado de Polícia Federal e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Torres assumiu a pasta da Justiça e Segurança Pública no lugar de André Luiz Mendonça, que retornou à chefia da Advocacia-Geral da União (AGU).
Polícia Federal
Torres é o terceiro ministro da Justiça no governo de Bolsonaro. Antes de Mendonça, o titular da pasta era o ex-juiz Sergio Moro, que saiu do governo após romper politicamente com o presidente, em abril de 2020.
Ao deixar o ministério, Moro deu uma entrevista coletiva na qual acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. Um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) investiga o caso.
O estopim para a saída de Moro foi a intenção de Bolsonaro de substituir o então delegado-geral da PF, Maurício Valeixo, ligado ao ex-ministro. No lugar de Valeixo, Bolsonaro tentou colocar Alexandre Ramagem, direto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mas o ministro Alexandre de Moraes, do STF, barrou a nomeação, em razão da proximidade de Ramagem com a família Bolsonaro.
Com isso, foi nomeado para a direção-geral da PF o delegado Rolando Alexandre, no cargo desde então.