O clima de tensão na fronteira do Alto Acre com a Bolívia, entre cidades brasileiras de Epitaciolândia e Brasiléia com Cobija, em Pando, aumentou a partir da manhã deste sábado (10) com o fechamento do acesso ao Brasil por populares brasileiros. O fechamento da Avenida Internacional, em Epitaciolândia, rumo à ponte sobre o Igarapé Bahia, que dá acesso a Cobija, para impedir o acesso dos bolivianos, já iniciou. O fechamento está sendo feito com veículos atravessados na rua e barricada.
Cobija, assim como toda a Bolívia, está com suas fronteiras fechadas em relação ao Brasil por causa da pandemia do coronaviurus, principalmente depois que o país começou a apresentar índices alarmantes de contágios e de mortes diárias, sempre acima das quatro mil vítimas a cada 24 horas. Como a Bolívia está com sua campanha de imunização mais avançada e com a redução e contágio e mortes abaixo do registrado no Brasil, o governo boliviano se permite ao luxo de fechar as fronteiras em relação aos brasileiros.
A revolta dos manifestantes que estão fechando a Avenida Internacional em Epitaciolândia, a poucos metros da chamada “tranca” da Bolívia, é porque os bolivianos têm aberto a passagem, por algumas horas, sempre ao final das tardes. “Eles abrem porque é da conveniência deles. Eles usam esse tempo para irem ao Brasil comprar comida, os alimentos que eles não produzem, como carne bovina, feijão, arroz e outros produtos”, disse um dos organizadores da manifestação. “Quando eles se abastecem em nossas cidades e em nosso país, voltam para a Bolívia e fecham de novo a tranca para nós. A relação então não é recíproca e com esta manifestação de hoje nós vamos mostrar a eles, os bolivianos, que exigimos respeito e reciprocidade”, acrescentou o manifestante brasileiro.
De acordo com os organizadores, os bolivianos têm sido autoritários e insensíveis. Nos poucos instantes que eles abrem a “tranca” para virem ao Brasil e um brasileiro vai a Cobija, se na volta a fronteira estiver novamente fechada, o brasileiro fica retido até a hora que eles retornem a abrir a passagem. “Nós somos reféns da conveniência dos bolivianos e isso vai ter que acabar. Eles vão ter que saber que nós também temos um país forte”, disse outro organizador da manifestação.