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Entenda como agem as novas variantes confirmadas no AC e por que nos preocupar

Por EVERTON DAMASCENO, DO CONTILNET

Foto: reprodução

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) já confirmou que duas novas variantes do coronavírus chegaram ao Acre, a P.1 e P.2. A primeira foi identificada em Manaus, e a segunda no Rio de Janeiro, pela primeira vez.

Além disso, duas mortes foram causadas pelo sequenciamento genético do vírus. As vítimas são de Cruzeiro do Sul, do sexo masculino, de 38 e 51 anos.

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Outro paciente, de 61 anos, foi diagnosticado com a P.2, mas recebeu alta médica.

A Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) publicou em nota que o surgimento das variantes é causado pela alta circulação de pessoas e o aumento da propagação do vírus Sars-CoV-2.

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Em entrevista ao ContilNet, o médico imunologista Guilherme Pulici explicou que a P.1 é uma variante que transmite mais rápido – e essa é uma das grandes preocupações.

“É uma variante que transmite mais rapidamente. Como isso acontece, acomete mais pessoas simultaneamente, aumentando a ocupação de leitos comuns e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, explicou.

Pulici

Imunologista Guilherme Pulici em entrevista ao ContilNet/Foto: ContilNet

Guilherme também pontuou que apesar de ter uma disseminação rápida, não há informações científicas que apontam a P.1 como mais letal.

“Aparentemente, não é mais letal, mas ela afeta drasticamente o sistema de saúde porque atinge mais pessoas. Por isso que estamos enfrentando essa segunda de uma forma tão intensa e cruel”, continuou.

Outra característica, presente nas duas variantes, de acordo com o especialista, é o comprometimento do estado de saúde de pessoas mais jovens que são infectadas, mesmo sem doenças pré-existentes.

“Pessoas mais jovens e sem comorbidades estão sendo afetadas de forma muito impressionante, com quadros de saúde evoluindo para grave em um curto período de tempo”, destacou.

“O que percebemos é um rejuvenescimento da pandemia com a chegada da P.1 e P.2”, pontuou.

Sobre a P.2, identificada também pela Fiocruz a partir de amostragens e sequenciamentos, há poucas informações, de acordo com Guilherme, mas o que se tem percebido por parte dos especialistas e estudos científicos aprofundados é que ela é mais transmissível que a P.1.

“Mesmo com poucos dados, é possível perceber que a P.2 é potencialmente mais transmissível que a própria P.1, mas não tem sido tão agressiva quanto a segunda, no quesito letalidade. A preocupação é que a P2 está aumentando no país e significa que as modificações na estrutura do vírus estão a todo vapor”, defendeu.

Os cuidados mudam?

Pulici afirma que o uso de máscaras, a higienização das mãos com álcool e/ou sabão, além do distanciamento social, ainda são as medidas mais eficazes para combater o vírus, no geral.

“Embora tenhamos essas variantes sendo identificadas, os cuidados não devem mudar. Pelo contrário, precisamos intensificá-los”, disse.

Vacinas combatem as variantes?

No última dia 19 de março, a coordenadora dos centros de pesquisa da vacina de Oxford no Brasil e diretora do Instituto para a Saúde Global da Universidade de Siena (Itália), a médica carioca Sue Ann Costa Clemens afirmou que o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, e que no Brasil está sendo produzido pela Fiocruz, demonstrou eficácia em neutralizar a variante P.1 do novo coronavírus.

A variante brasileira, que foi identificada em janeiro, em Manaus, reage de forma idêntica à variante britânica ao imunizante de Oxford. A declaração se baseia em pesquisa que ainda não foi revisada por outros cientistas e nem publicada em revista, mas está disponível online. O estudo contou com a colaboração de pesquisadores da Fiocruz Amazônia e do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

Resultados preliminares de um estudo feito com 67.718 trabalhadores da saúde de Manaus mostram que a vacina CoronaVac, da farmacêutica chinesa Cinovac, também é eficaz contra a P.1.

Ambas estão sendo aplicadas pelo Governo do Acre.

Outros estudos realizados por cientistas do Instituto Butantan e da Universidade de São Paulo (USP) também apontam que a Coronavac é eficaz no combate a P.2, além das variantes identificadas na África do Sul e no Reino Unido.

Pulici defende que a imunização em massa é o melhor caminho para que o Acre vença o vírus.

“É o que temos como possibilidade no momento, além das outras medidas”, finalizou.

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