Um festival realizado dentro de uma embarcação de luxo foi flagrado pela polícia, na noite desta terça-feira (6), no rio Amazonas, nas proximidades de Manaus (AM). Mais de 60 turistas, entre estrangeiros e visitantes de outros estados brasileiros, foram presos em flagrante.
A Polícia Civil informou que recebeu denúncias sobre o evento por meio de publicações nas redes sociais. Equipes da Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) foram acionadas ao local onde o barco estava ancorado.
Conforme decreto estadual, segue proibida, desde janeiro, a realização de reuniões comemorativas, tanto em espaços públicos quanto privados. A medida visa impedir um novo surto de Covid, que provocou a segunda onda da doença no Amazonas entre janeiro e fevereiro.
Até esta terça-feira, mais de 12,1 mil pessoas morreram com Covid no Amazonas.
O festival, intitulado ‘Amazon Imersion’, começou na sexta-feira (2) e deveria ser encerrado nesta terça. Ele prometia uma imersão na floresta amazônica, com roteiros culturais e festas.
O evento exigia que os participantes apresentassem testes RT-PCR de Covid, feito em até 72h antes do embarque. Os valores para o festival eram cobrados em dólar, de U$ 1.100 (R$ 6.149) até U$ 2.100 (R$ 11.739).
“Por cinco dias, vamos navegar em um processo de aprendizagem, cuidado e celebração! Vamos estar juntos em um barco explorando o maior rio do mundo”, informou um folder do evento.
De acordo com o delegado titular da Força Especial de Resgate e Assalto (Grupo Fera), Juan Valério, as mais de 60 pessoas que estavam na embarcação estavam ingerindo bebidas alcoólicas, aglomeradas e a maioria não fazia o uso de máscaras no momento em que o barco foi abordado.
“Infelizmente, hoje, tivemos em torno de quatro mil brasileiros mortos e nós constatamos diversos estrangeiros das mais diversas nacionalidades, brasileiros dos mais diversos cantos do país. Pessoas com alto padrão aquisitivo, pessoas com acesso à informação. Independentemente de terem feito ou não PCR, eles estão desde o dia 2 navegando. Tudo vai ser investigado”, disse.
O delegado comentou ainda que os participantes da festa passaram por comunidades indígenas durante os cinco dias de evento, sem a preocupação com o risco de transmissão da Covid-19.
Segundo ele, imagens que circularam em redes sociais mostraram a rotina dos participantes do evento. “Em mídias sociais nós vimos muitos estrangeiros, na época da cepa no Amazonas, todo mundo criticando. Nós sabemos da fragilidade dos nossos índios em contato com pessoas de fora, principalmente nessa época de pandemia”, comentou o delegado.
Segundo a polícia, os organizadores e os participantes do evento foram presos em flagrante e conduzidos, em micro-ônibus, até a Delegacia Geral, na Zona Centro-Oeste de Manaus.