A senadora acreana Mailza Gomes (PP) está entre as parlamentares que estão preparando uma dura resposta ao governo e à aliados do presidente no Senado Federal em relação a devolução à Câmara dos Deputados do projeto de lei que prevê multas às empresas que pagarem salários diferenciados a homens e mulheres que desempenhem as mesmas funções.
Ainda candidato, Bolsonaro disse ser a favor de pagamento diferenciado às mulheres, com valor inferior, porque as mulheres menstruam, amamentam e, por isso, na ótica do então candidato, teriam que ganhar menos que os homens.
Na última quarta-feira (28), as senadoras Selma Arruda (PSL-MT); Mailza Gomes (PP-AC), Leila Barros (PSB-DF), Zenaide Maia (Pros-RN) e Simone Tebet (MDB-MS), durante a analisa das propostas . propostas relacionadas a direitos das mulheres, chegaram a ocupar a mesa do Senado pressionando pela imediata aprovação da proposta, mas sofreram revés pelo que consideraram uma “artimanha” do governo Bolsonaro ao devolver o projeto à Câmara.
Em retaliação à bancada que apoia Bolsonaro no Senado, a bancada feminina decidiu por dedicação especial no acompanhamento da CPI da Covid. A Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, já em funcionamento no Senado, não tem nenhuma representante feminina entre os 11 membros. Por isso, as mulheres da Casa organizaram uma escala para participar presencialmente de todas as sessões da comissão com ao menos uma senadora.
Na reunião desta quinta-feira (29) foi a vez de Leila Barros (PSDB-DF), acompanhada de Zenaide Maia (Pros-RN), que marcou presença de forma virtual. Durante a eleição de presidente e vice do colegiado na terça-feira (27), a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) respondeu à fala de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), ao afirmar que “as mulheres já foram mais respeitadas e mais indignadas” ao comentar a falta de representação feminina no colegiado.
Em resposta, o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, disse que as mulheres “estão fora da CPI e não fazem nem questão de estar nela, se conformam em acompanhar os trabalhos a distância”.
“Não vamos admitir ironia machista contra as mulheres. […] Não usamos o argumento da autoridade. Usamos a autoridade do argumento. E é isso que vamos fazer aqui nessa CPI. Nenhum homem nem aqui e nem em lugar nenhum, enquanto houver mulheres presentes, a maioria da população brasileira, vai tentar cala a voz de uma mulher. Eu não admito isso, senador Flávio, questionar nossa indignação. Nós nos indignamos diante de todos os fatos que estão postos”, disse a senadora Eliziane.