O presidente regional do PSDB no Acre, Manuel Pedro Correia, confirmou, em nota de esclarecimento emitida nesta terça-feira (6), que a deputada federal Mara Rocha, eleita pela sigla em 2018, está mesmo de saída da agremiação.
Irmã do vice-governador Major Rocha, a parlamentar foi acusada, também através de nota, pela executiva nacional, de ter dado fim em R$ 2 milhões enviados pelo PSDB para despesas e investimentos em candidaturas do partido nas eleições municipais do ano passado e, mesmo assim, apesar da quantia razoável de recursos, ela conseguiu eleger apenas o prefeito de Epitaciolândia, delegado Sérgio Lopes, num dos menores colégios eleitorais do Acre, “o que mostra a incapacidade política em seu próprio estado”, ressalta a nota.
A nota assinada por Manuel Pedro Correia, o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, que é conhecido por “Correinha” e ainda pela lealdade dispensada aos irmãos Rocha, também foi dura com a deputada. Na nota que distribuiu, ele diz: “Em primeiro lugar, tratamos com absoluto respeito e indiscutível naturalidade o desligamento da deputada, e temos, a partir disso, procurado construir nosso caminho sem fazer quaisquer tratativas que contem com a sua participação, assim como continuamos desejando boa sorte em sua caminhada”.
Mas, em seguida, acrescentou: “ Lamentamos, no entanto, que a postura da deputada, ao se desligar do Partido, não se equipare nem de longe à postura do seu irmão, Major Rocha, que se desligou do PSDB mantendo conosco uma relação amistosa e reciprocamente cordial”. “Pelo contrário, Mara Rocha prefere vir à público fazer declarações inconsistentes a respeito das eleições de 2020, quando, pelo bem da verdade, recebeu da executiva nacional e movimentou discricionariamente um montante bastante significativo de recursos”.
O presidente regional do PSDB também sai em defesa do governador Gladson Cameli, citado pela parlamentar como uma das causas de sua saída do Partido: “A alegação de que tenha havido tratativas do governador Gladson Cameli com João Dória para que não viessem recursos para o partido em 2020 é fantasiosa e imatura, o que denota um real desconhecimento do processo. Se a deputada procurasse não tão longe de si mesma as respostas para os seus resultados, talvez investiria bem menos tempo para encontrá-las”.
Por fim Correinha diz que o PSDB do Acre segue convicto, “na busca de construir o projeto de Estado e de sociedade em que acreditamos, sempre pautados na democracia, na coletividade, na ética e na verdade, e cada vez mais distantes do individualismo, do negacionismo e da ingratidão”.
A nota da executiva nacional, embora não traga a assinatura do presidente da sigla, deputado Bruno Araújo, também não poupa a deputada. Além da acusação de malversação de verbas enviadas para custear a campanha municipal, o “PSDB diz que Mara Rocha torna-se assim um mau-exemplo da vida pública que desonra os quadros do partido que a acolhera tão bem”.
O vice-governador Major Rocha, procurado pela reportagem do ContilNet e informado do conteúdo da nota do PSDB nacional, disse desconhecer o fato e confirmou que sua irmã deveria também deixar a sigla mas, mesmo assim, mantendo uma relação cordial com os dirigentes. “Temos boas relações com o PSDB nacional e creio que essa nota não seja verdadeira. Eu a desconheço”, disse Rocha.
A deputada não foi encontrada para comentar as duas notas.