Motociclista tem garganta perfurada por pássaro e percorre 9 km com ave no pescoço

Um jovem indígena, da etnia Umutina, teve a garganta perfurada por um pássaro quando andava de motocicleta em uma estrada vicinal na região da aldeia Águas Correntes, em Barra do Bugres (MT).

Eik Júnior Monzilar Parikokoriu, de 23 anos, ficou com falta de ar e chegou a desmaiar e foi levado ao hospital. O incidente ocorreu no último sábado (24).

Eik contou que havia acabado de realizar um trabalho como artesão na cidade e retornava para a aldeia.

Ele parou para aguardar a poeira baixar depois que um carro havia passado pelo local. Assim que saiu, um pássaro bicou a garganta dele causando um buraco.

O indígena ainda pilotou a moto por quase 9 quilômetros até chegar à aldeia para pedir socorro.

Lá recebeu ajuda da família e foi levado para atendimento na Unidade Básica de Saúde, que fica na aldeia.

Eik teve a garganta perfurada por pássaro — Foto: Arquivo pessoal

Eik teve a garganta perfurada por pássaro — Foto: Arquivo pessoal

“Cheguei a desmaiar e a buscar ar”, contou.

Depois de receber os primeiros socorros na unidade básica, Eik foi levado de ambulância até a Unidade de Pronto Atendimento de Barra do Bugres.

Técnica de enfermagem Elizete Ariabo Calomezore disse que nunca tinha visto caso parecido — Foto: Arquivo pessoal

Técnica de enfermagem Elizete Ariabo Calomezore disse que nunca tinha visto caso parecido — Foto: Arquivo pessoal

A técnica de enfermagem Elizete Ariabo Calomezore, que fez os primeiros socorros, contou que nunca tinha atendido nenhum caso parecido.

“Ele puxou o pássaro (que ainda estava na garganta) e começou a sangrar pelo pescoço e pelo nariz. Fiz a limpeza e liguei para o médico, que me passou as orientações para o atendimento. Segui as orientações dele e o encaminhei, com o pássaro, para a médica de plantão avaliar de perto lá em Barra do Bugres”, contou.

O primeiro atendimento foi fundamental para que a situação não se agravasse.

Caso inusitado

O biólogo Vítor Piacentini, professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que também é ornitólogo especialista em aves, disse que o pássaro é da espécie ariramba-preta – nome científico Brachygalba lugubris – , que faz parte de um grupo de aves insetívoras, chamadas genericamente de arirambas, entre outros nomes.

Piacentini explicou que é comum que as arirambas e os beija-flores sejam tratados como “iguais”, já que os dois grupos possuem bico comprido, muitas espécies têm plumagens brilhantes.

“Inclusive o nome cuitelo/cuitelinho é usado regionalmente pra beija-flores, e cuitelo/cuitelão para algumas arirambas. Mas as arirambas são maiores, não param no ar (nem voam pra trás), nem visitam flores. Elas utilizam o bico como uma pinça e capturam insetos no ar, saindo de um poleiro e retornando comumente pro mesmo poleiro”, explicou.

Ela classificou o incidente como “totalmente inusitado e inesperado”.

Após o susto, Eik faz um alerta e agradece a vida.

“Temos que andar com todo o equipamento de segurança necessário e precisamos valorizar a vida”, disse, emocionado.

A ave morreu. O indígena disse que ficará com pássaro para ter uma recordação da nova chance que teve.

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