A conta e a segunda rebordosa da última enchente dos rios de Sena Madureira, Iaco, Macauã e Caeté, em março deste ano, que só pode ser comparada em proporções às inundações de 1997, começaram a chegar para pequenos produtores e ribeirinhos que perderam tudo com as inundações. Plantações de hortaliças – frutas, pequenos animais como patos, galinhas e outros bichos de terreiro, em alguns casos até bois, além de açudes com criações de peixes – tudo foi levado pelas águas.
O prejuízo é de tamanha monta que, nos principais mercados das cidade, públicos e privados, começam a faltar produtos como cheiro-verde, chicória, coentro, couve, pimentas de cheiro e outros produtos que saíam das propriedades do cinturão verde do município, meio de vida e ganha pão de membros de comunidades que compõem a chamada agricultura familiar. Nesta segunda-feira (05), no município, representantes dos produtores que amargam prejuízos e que ainda sofrem por causa das enchentes, mesmo que os rios tenham baixado o suficiente para um recomeço de vida, pediram ajuda ao governo do Estado.
Os pedidos foram feitos diretamente ao secretário de Produção e Pecuária (Sepa), Neném Junqueira, durante reunião com os produtores. O secretário foi ao município a mando do governador Gladson Cameli para oferecer solidariedade e apoio material para que os produtores possam recomeçar a trabalhar e a produzir.
Junqueira disse que a ordem do governador inclui visitas a todos os municípios atingidos pelas últimas enchentes, inclusive na Capital. Segundo ele, ainda não há um modelo pronto de ação para socorrer os produtores e que uma forma será construída em parceria do governo com eles, a partir das reuniões que começam a acontecer. “Daqui vamos tirar um plano e os meios para que o governo possa ajudar a essas pessoas a se reerguerem novamente. Elas são parte importante da economia”, disse o secretário.
Em Sena Madureira, o ex-deputado e ex-prefeito José Vieira, agora representante local da Sepa, ficou encarregado de dar continuidade às reuniões com os produtores para a feitura de um plano de assistência. De acordo com o secretário Junqueira, os interessados em ajuda devem procurar a sede da Sepa ou da Emater em Sena Madureira, fazer um cadastro e apresentar suas reivindicações. “Vamos procurar atender a todos”, disse Vieira.
A técnica Lúcia do Vale, que tem mais de 30 anos de atividade junto aos pequenos produtores como servidora da Emater-Acre, disse que, além da enchente, os agricultores já vinham sofrendo com a pandemia do coronavírus. “Com a pandemia, tudo ficou parado. Temos dificuldade até por falta de combustível e veículo para visitar esses produtores. Temos um único caminhão para escoar a produção e até sem pneus o veículo está”, disse a técnica. “Creio que, além dos problemas, faltava também um pouco de gestão, que esperamos que com o novo secretário essas coisas aconteçam”, disse ela.
Neném Junqueira retorna a Rio Branco para ainda esta semana viajar para outras regiões onde os problemas de Sena Madureira também foram registrados. “Nossa missão é procurar ajudar a quem já não tinha muito e perdeu o que tinha com a enchente”, disse o secretário.