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Sem memória, garçom aposentado no AC contrai Covid-19 e agora luta pela vida

Por TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

Zezinho ao lado da filha Rúbia/Foto: arquivo pessoal

O mais conhecido dos garçons que já atuaram no Acre, José Graça Fernandes Cavalcante, o Zezinho, de 66 anos, um amazonense de Boca do Acre que por 33 anos serviu os clientes do bar e restaurante do antigo aeroporto de Rio Branco, é mais um dos muitos que neste momento lutam pela vida após ser acometido pela Covid-19. Internado no Hospital Santa Juliana, “Zezinho” não está intubado, mas respira de forma artificial com ajuda de oxigênio.

Zezinho em foto da época em que atendia no restaurante do aeroporto, em Rio Branco/Foto: arquivo pessoal

Zezinho já vinha doente, vítima de um AVC isquêmico, desde setembro de 2005, quando trabalhava no Restaurante O Paço, da mesma rede que mantinha o antigo restaurante do aeroporto. Desde então, ao que tudo indica, voltou a ser uma espécie de criança crescida, um menino de cabelos brancos, daqueles que, ao acordar, quer ir para a escola, com a ansiedade típica da primeira idade. “Ele não tem a memória presente. Suas lembranças são do passado”, conta uma de suas três filhas, a professora Rubia Cavalcante – as outras são a bancária Lizia, de 40 anos, e Karem de Abreu Cavalcante, de 26 anos, estudante de agronomia.

“Zezinho” é casado há quase 50 anos com dona Ivete – o casal ficou conhecido pelo sabor dos carneiros recheados que ambos assavam e vendam, sob encomenda, em toda a cidade. A atividade empresarial do garçon aposentado foi suspensa assim que ele adoeceu e passou a ser, numa posição invertida, o grande bebê da casa, uma residência modesta mas cheia de carinho e harmonia de uma família moradora da Cohab do Bosque.

Com A filha Rubia Abreu, que passou a cuidar de uma criança de cabelos brancos/Foto: arquivo pessoal

Ali, entre afagos e carinhos, Zezinho voltou à infância com sua memória seletiva, de só se se lembrar das pessoas das quais ele realmente gosta, como apontam suas filhas. Antes de contrair a Covid, quando amanhecia, ele queria ir para a escola, rever os professores, dizia ele, ao se referir à primeira escola em que estudou, ainda em Boca do Acre, e lembrando do nome e sobrenome dos professores e de alguns coleguinhas de classe.

Da memória atual, nada. Provavelmente, ele nem sabe, ainda, que é mais uma vítima da doença que há mais de um ano assusta o planeta. Mesmo com as dificuldades causadas pela doença, ele está lutando pela vida, bravamente, a seu modo. A família consegui adquirir medicamentos importados do Paraná para auxiliar em seu tratamento e torce por sua rápida recuperação.

Sem memória, mas cercado de carinho, Zezinho tem uma números família/Foto: arquivo pessoal

Amigos também estão na torcida para que, o mais rápido possível, o crianção que atende por “Zezinho” logo volte para casa, ainda que para dar trabalho aos seus, como ocorre com crianças travessas, ainda que esta seja uma criança de cabelos brancos. Força, Zezinho!

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