O cientista russo Denis Logunov, um dos principais desenvolvedores da vacina contra a Covid-19 Sputnik V, disse nesta segunda-feira que o imunizante mostrou uma efetividade de 97,6% contra a doença em uma avaliação de dados do mundo real, com base na análise de 3,8 milhões de pessoas.
Usando um banco de dados de pessoas que receberam as duas doses da vacina, os cientistas do Instituto Gamaleya de Moscou, que a desenvolveu, calcularam a taxa de efetividade no mundo real, informou Logunov durante uma apresentação para a Academia Russa de Ciências.
A nova taxa é maior do que a eficácia de 91,6% descrita nos resultados de um ensaio clínico em grande escala da Sputnik V, publicado na revista científica Lancet no início deste ano.
Enquanto os dados de eficácia de uma vacina se referem ao seu desempenho dentro de um ensaio clínico, os de efetividade se referem ao desempenho em condições reais de uso.
Segundo comunicado do Instituto Gamaleya e do Fundo de Investimento Direto Russo, responsável pelo financiamento do desenvolvimento do imunizante, os novos dados serão publicados em uma revista científica revisada por pares no próximo mês.
Sem aprovação no Brasil
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não aprovou o uso emergencial da vacina russa. Na semana passada, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a agência tem até o dia 28 de abril para decidir sobre a importação excepcional e temporária do imunizante.
A decisão ocorre por conta de uma ação movida pelo Maranhão para solicitar a autorização para importar e distribuir por conta própria 4,5 milhões de doses da Sputnik V. O Consórcio Nordeste, que reúne governadores da região, tem um contrato para compra de cerca de 37 milhões de doses da vacina russa.
Na terça-feira, dia 13, o consórcio Conectar, que reúne prefeitos de cerca de 2 mil municípios brasileiros, manifestou ao Fundo Soberano Russo a intenção de compra de 30 milhões de doses da Sputnik V. Além disso, em março, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 10 milhões de doses da vacina.
Na semana passada, a Anvisa relatou ao STF dificuldade para ter acesso aos dados do imunizante e demora dos fabricantes em responder questionamentos.