“A menina do desastre”, a famosa imagem de Zoë Roth quando ela tinha 5 anos em frente a uma casa em chamas, é uma das mais compartilhadas nas redes sociais há anos.
Seu rosto travesso, ou malévolo, depende de como você olha para ele, tornou-se um clássico, como algumas das fotografias e pinturas das mais terríveis tragédias da história.
A jovem, hoje com 21 anos, aproveitou a fama de sua imagem e a vendeu por US$ 500 mil (R$ 2,7 milhões), valor suficiente, segundo ela, para pagar dívidas estudantis, distribuir entre a sua família e doar para instituições de caridade.
Roth vendeu sua propriedade do meme em um leilão na quinta-feira (29) como um token não fungível (NFT), um certificado de propriedade digital.
Um colecionador chamado @3FMusic foi quem pagou a quantia, por meio de criptomoedas.
Mas qual é a história por trás do meme? A jovem foi realmente responsável pelo incêndio?
Quando se tornou viral?
Um golpe de sorte
Em uma entrevista recente ao BuzzFeed, Zoë Roth contou que tudo começou em uma tarde de 2005, quando ela tinha 5 anos e assistia à televisão com a família. Foi então que eles ouviram as sirenes dos bombeiros e saíram para ver o que estava acontecendo.
“A cerca de dois quarteirões de nossa casa, havia fumaça saindo e fomos ver o que estava acontecendo”, lembra a jovem. O pai, um fã de fotografias que havia comprado uma câmera recentemente, decidiu levá-la ao local do incêndio.
Quando chegaram, segundo a jovem, pensaram que era um incêndio de verdade, mas ao verem a atitude tranquila dos bombeiros perceberam que algo diferente estava acontecendo. Eles logo souberam que os proprietários tinham doado a casa para o Corpo de Bombeiros para que eles a incendiassem num exercício de treinamento, criando um “incêndio controlado”.
“Meu pai estava tirando fotos da casa quando me disse que era hora de sorrir. Ele me pediu para sorrir e é por isso que eu fiz aquela cara. Era assim que eu sorria naquela época”, diz.
A foto, porém, estava entre muitas outras tiradas naquele dia. Começou como uma foto que circulava na família, virou meme, viralizou e agora foi vendida por US$ 500 mil (cerca de R$ 2,7 milhões).
Da foto ao meme
O alcance da fotografia de Zoë começou a crescer em 2008, quando a imagem venceu um concurso com o tema “emoções na fotografia”, de uma revista especializada em fotos.
Desde a sua publicação, a foto se tornou viral e deu a volta ao mundo acompanhada por momentos que vão desde o naufrágio do Titanic até o desastre de Hindenburg. “As pessoas apenas fazem com que ela se encaixe em qualquer imagem”, disse Roth ao New York Times. “Adoro vê-los (os memes) porque nunca faria nenhum deles, mas adoro ver como as pessoas são criativas.”
A jovem disse que ficou surpresa ao ver como o meme com seu sorriso malicioso sobreviveu ao longo dos anos.
“Pessoas que estão nos memes e se tornam virais é uma coisa, mas a maneira como a internet se agarrou à minha foto e a tornou viral, mantendo-a relevante, é uma loucura para mim”, disse ela ao New York Times.
O mercado de NTFs
O mercado dos direitos de propriedade de arte digital explodiu neste ano, após várias vendas multimilionárias de NFT.
Um NFT é um token digital único, criptografado com a assinatura de um artista, que verifica a propriedade e a anexa permanentemente à peça, permitindo que versões originais de conteúdo online popular, como memes virais e tweets, sejam vendidos como se fossem obras físicas de arte.
O NFT é marcado com um código que permitirá à família Roth, que disse que dividirá os lucros, manter os direitos autorais e receber 10% das vendas futuras.
Em 19 de fevereiro, um gif animado de Nyan Cat, um meme de gato voador de 2011, foi vendido por mais de US$ 500 mil (R$ R$ 2,7 milhões).
Algumas semanas depois, o fundador do Twitter, Jack Dorsey, fez um NFT do primeiro tweet de todos os tempos, com ofertas chegando a US$ 2,5 milhões (R$ 13,6 milhões).