18 de abril de 2024

Assim como no Acre, governador e vice do Amazonas também estão rompidos

O desastre sanitário que levou o sistema de saúde do Estado do Amazonas ao colapso no auge da pandemia do coronavírus, em janeiro e fevereiro deste ano, não foi uma ocorrência qualquer. Foi um ato planejado, fruto de alinhamento político, entre o governador do Amazonas, Wilson Lima, e o presidente da República, Jair Bolsonaro, através de seu então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Governador e presidente buscavam uma estratégia chamada “política de contaminação” a fim de que, com a população totalmente contaminada, houvesse uma espécie de imunização natural.

As informações foram dadas pelo vice-governador amazonense Carlos Almeida Filho (sem partido), durante entrevistas no último final de semana à imprensa do Amazonas. Ele disse que o colapso em Manaus, inclusive com a falta de oxigênio, foi fruto desta política de contaminação” de imunidade de rebanho, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e assumida pelo governador Wilson Lima (PSC).

Assim como ocorre no Acre, o vice-governador está rompido com o governador titular. O rompimento entre os dois vem desde de maio do ano passado.

Segundo o vice-governador, a estratégia do governador seria demonstrar alinhamento ao governo federal após se tornar alvo de investigações na Polícia Federal por suspeita de fraude na compra de respiradores. Desse modo, medidas de proteção mais restritivas perderam lugar para a noção de contaminação em massa, idealizando uma suposta imunização coletiva, proposta por Jair Bolsonaro.
“Uma coisa era clara, a política era de afirmar que se tinha uma imunidade de rebanho. O que acabou acontecendo foi um laboratório, a P1 encontrou ambiente adequado. Porque as políticas de saúde naquele momento poderiam implicar em enfrentamento às políticas do governo federal, poderia enfraquecer o governador mediante a exposição criminal”, declarou o vice-governador em declarações reproduzidas por portais de notícias do Amazonas.

O vice-governador também denunciou o que chamou de inação do governo do Amazonas na crise no desabastecimento de oxigênio na Capital. Segundo Almeida Filho, a empresa White Martins, responsável pelo fornecimento de oxigênio, avisou com antecedência sobre o “estouro” no abastecimento de insumos para pacientes com a covid. “Houve demora para acionar o governo federal. Se esperou a água bater no pescoço para a tomada de alguma medida, quando o governo federal foi acionado o caos já estava acontecendo”, afirmou.

Filho rompeu com o governador em 18 de maio do ano passado, por divergências, segundo ele, na gestão da crise sanitária no Estado. “Meu comportamento sempre foi de gestor, não concordava com nenhuma medida de irregularidade”, afirmou, insinuando sobre suposto esquema de superfaturamento na compra de respiradores.

O governador Wilson Lima é alvo de investigações na Polícia Federal após contratação de uma loja de vinhos para a aquisição de ventiladores mecânicos. A compra, feita sem licitação, teve um custo 316% maior, segundo revelou reportagem do portal UOL de notícias.

O ex-aliado do governador disse que afirma que “quando houve envolvimento do governador na operação em junho, com muita contundência, com pedido de prisão, a estratégia dele explícita foi mostrar alinhamento com as políticas de combate à pandemia do governo federal”.

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