18 de abril de 2024

Estudante de psicologia fala sobre a importância dos primeiros socorros psicológicos

Sobreviver a um desastre ou receber uma notícia trágica, como a morte de um ente querido, por exemplo, são situações que deixam muitas pessoas em estado de choque. No entanto, o colapso provocado por tragédias como essas, instantes após o trauma, pode ser minimizado com um acolhimento acessível a qualquer um que queira ajudar pessoas em crise.

Os chamados primeiros socorros psicológicos (PSPs) são baseados em protocolos fixos, porém de fácil compreensão. Eles estão associados aos primeiros cuidados médicos, mas, ao contrário destes, não são tão difundidos nos meios de comunicação e nas escolas.

De acordo com a estudante de psicologia e cientista social Fabíola Melo, que também é formada em Psicologia das Emergências e dos Desastres, os primeiros socorros psicológicos são todo tipo de cuidado imediato que se presta a pessoas atingidas por uma situação de crise.

Ela cita como exemplo um possível incêndio em uma repartição pública, onde há pessoas que acabaram de escapar do fogo, sem grandes ferimentos, mas que se encontram em estado de desespero. Um atendente em PSP, que pode ser qualquer indivíduo que conheça os protocolos, começa identificando quem mais precisa de acolhimento.

“Primeiramente, nos colocamos à disposição daquela pessoa. Vamos atrás de um copo com água, perguntamos se ela precisa de ajuda para ligar para a família ou procuramos um lugar adequado para ela sentar, por exemplo”.

“A ideia é fazer o possível para que a vítima de um trauma ou catástrofe se sinta minimamente amparada, suprindo as necessidades dela naquele momento. O atendente em PSP faz um papel de cuidador”, reforça.

Fabíola explica que esse suporte inicial é importante para que as pessoas fiquem o menos fragilizadas possível diante de uma tragédia, minimizando até mesmo as chances de elas desenvolverem transtorno do estresse pós-traumático.

Comunicação de más notícias

Segundo a estudante de Psicologia, os protocolos de atuação dos PSPs foram criados durante a segunda guerra mundial, porém, de lá pra cá, ficaram restritos a situações pontuais. Agora, durante a pandemia de Covid-19, que já ceifou a vida de mais de 3 milhões de pessoas em todo o mundo, o cenário de crise é generalizado, fazendo com que cada pessoa tenha chances de se deparar com uma notícia de morte de um parente.

Autoria: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

E o acolhimento de reação a más notícias possui um protocolo específico dentro dos estudos dos primeiros socorros psicológicos (PSPs). Fabíola explica que o ideal, no começo, é perceber como a pessoa vai encarar a informação e evitar pedir que ela se acalme.

“É preciso entender quais são as reações naturais de pessoas que acabaram de descobrir o falecimento de um ente querido. Estar ali à disposição dela para o que ela precisar, inclusive no preparo do funeral, e não julgar suas reações é um bom começo de atendimento. O momento de entrar em contato com aquela realidade é doloroso. Vai haver sofrimento, não tem como evitar. Mas onde tiver acolhimento, esse sofrimento tende a ser controlado”.

Fabíola Melo é, talvez, a única pessoa no Acre que tenha formação específica em Psicologia das Emergências e dos Desastres. Ela se coloca à disposição do poder público e de entidades para difundir os conhecimentos que adquiriu por meio de palestras e capacitações.

Ela explica que esse conhecimento pode ser utilizado em diversos setores, como gabinetes de crise, com agentes de segurança pública que lidam com situações de violência de forma frequente, equipes de saúde, entre outros.

“As pessoas precisam se fortalecer com a ajuda umas das outras. Lembrando que as técnicas de PSPs não são privativas do ramo da psicologia. Qualquer pessoa com conhecimento desses protocolos pode fazê-los. É importante que o máximo de pessoas aprenda qual o comportamento humano pós-desastre, como agir, o que dizer e o que não dizer. Qualquer ajuda não é necessariamente uma ajuda. Às vezes não se sabe qual o protocolo adequado e, nesses casos, a gente precisa se perguntar se a tentativa de ajudar não vai atrapalhar”.

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