A acreana Diane Saraiva procurou a reportagem do ContilNet nesta segunda-feira (31) para fazer uma denúncia contra um suposto descaso por parte do Hospital do Idoso em Rio Branco, onde seu pai, o professor Francisco Souza Oliveira, de 71 anos, morreu no último dia 23 de maio, após mais de 10 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Seu Chico, como também era conhecido em Feijó, sua cidade natal, saiu do interior do Acre para a capital após o diagnóstico de um problema na coluna para realizar uma colonoscopia. Ao chegar andando e em ótimas condições ao hospital, de acordo com a filha, ele precisou ser internado.
“Ele não foi colocado no semi-intensivo, como orientou o médico, mas em um leito comum. Horas depois, meu pai foi levado para a UTI. Meu pai nunca tinha tomado um remédio para dor de cabeça e nunca tinha sido internado”, comentou Diane.
Souza era muito conhecido em Feijó por sua trajetória de superações. Aos 65 anos, ele formou em História e fez pós-graduação para ser professor – um dos seus maiores sonhos. Ele continuou trabalhando como docente, mesmo após a faculdade, e só foi afastado do cargo depois do início da pandemia.
“Meu pai era um sonhador, mesmo depois de ter conquistado tantas coisas. Era um professor adorável e apaixonado pelo que fazia, conhecia com profundidade a história desse Estado e era ativo, andava de bicicleta, subia em pé de açaí e tudo mais. De repente, meu pai foi parar no hospital e saiu morto de lá”, continuou a filha.
No dia da morte de Seu Chico, Diane conta que foi ao hospital visitá-lo na UTI, mas foi impedida de entrar mesmo depois de já ter colocado os equipamentos de proteção exigidos. Uma funcionária do local teria dito à ela que não era possível a entrada, porque a enfermeira estava dormindo e não iria permitir visitas naquele dia.
“Não aceitei e disse que só sairia dali quando visse meu pai. Uma senhora se solidarizou comigo e disse que me deixar vê-lo da porta”, contou à reportagem do ContilNet.
Saraiva destacou que ao ver o pai deitado de lado, já percebeu que ele estava morto, mas não tinha certeza. Ao sair de lá e chegar em casa, recebeu um telefonema de uma tia que é enfermeira, avisando que Seu Chico havia falecido.
“Minha tia recebeu a informação de uma amiga dela que também é enfermeira e trabalha no hospital. Eles [funcionários do Hospital do Idoso] não me ligaram pra dizer que meu pai tinha morrido. Só descobri porque essa amiga da minha tia resolveu ligar pra ela”, enfatizou.
Diane conta que segundos após a ligação, já correu para o hospital. Chegando lá, viu o pai enrolado em lençóis e esparadrapos, na pedra: “Não tiveram a consideração de me ligar e entregar o corpo do meu pai pra mim. Soube por terceiros. Eu me senti destruída naquele momento”.
A acreana conta que vai acionar a justiça sobre o caso.
Quando questionada sobre qual teria sido a causa da morte do idoso, a filha argumenta que o resultado aponta para inúmeros diagnósticos, como neoplasia óssea maligna (câncer), choque séptico e pneumonia bacteriana.
“Meu herói era saudável, tinha uma vida ativa e não reclamava de nada. Vou acionar a justiça para entender tudo o que aconteceu e o porquê não me entregaram o corpo do meu pai, não me avisaram sobre a morte dele. Ele recebeu um tratamento que não merecia, pelo ser humano brilhante que era”, salientou.
Diane conta que ainda não conseguiu superar o luto de ter perdido a mãe, que faleceu há 1 ano. “Muito difícil a experiência de dois lutos, sem que o primeiro nem tenha sido superado”, finalizou.