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Nelson Sargento, lenda do samba, morre aos 96 anos, vítima de Covid

Por O GLOBO

Nelson Sargento e o violão, que o acompanhou por mais de 50 anos Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo

Morreu aos 96 anos, às 10h45 desta quinta-feira (27), o cantor e compositor Nelson Sargento.

Baluarte da Mangueira, o sambista estava internado desde o dia 22 de maio no Inca (Instituto Nacional de Câncer).

O artista  chegou “com quadro de desidratação, anorexia e significativa queda do estado geral”, segundo nota da instituição, que confirmou sua morte através de nota oficial nesta quinta-feira.

Na nota, o Inca informa que “ao chegar na unidade, foi realizado o teste de Covid-19, que apontou positivo.

O paciente estava aos cuidados do Inca na Unidade de Terapia Intensiva desde o último sábado (22).

Apesar de todos os esforços terapêuticos utilizados, o óbito ocorreu”.

“Nelson Mattos era paciente do Inca desde 2005, quando foi diagnosticado e tratado câncer de próstata”, continua a nota.

Ele deixa a mulher, Evonete Belizario Mattos, e os seis filhos biológicos (Fernando, José Geraldo, Marcos, Léo, Ricardo e Ronaldo), além de Rosemere, Rosemar e Rosana, que adotou.

Nelson Sargento foi vacinado contra Covid no dia 31 de janeiro, em uma cerimônia no Palácio da Cidade, na qual o prefeito Eduardo Paes deu início à campanha de vacinação para a terceira idade no Rio.

Ao lado dele, estavam outros quatro idosos, entre eles o ator Orlando Drummond, de 101 anos.

Mesmo tendo recebido as duas doses do imunizante, Nelson Sargento foi infectado. Especialistas afirmam que o risco para desenvolver a doença existe mesmo com duas doses da vacina e pode ser explicado por diferentes fatores.

Um estudo recente em São Paulo constatou que a CoronaVac é efetiva contra a Covid-19 em idosos acima de 70 anos, apesar de seu desempenho cair conforme a idade.

Especialisas reforçam que, mesmo vacinados com duas doses, deve-se continuar as políticas de distanciamento social, uso de máscara e outras formas de prevenção de contágio para combater à epidemia, juntamente com a campanha de vacinação.

Nelson (quarto, da esquerda para direita), com Xangô, Padeirinho, Zagaia e Babau Foto: Divulgação

Nelson (quarto, da esquerda para direita), com Xangô, Padeirinho, Zagaia e Babau Foto: Divulgação

Trio de bambas: Nelson Sargento, Guilherme de Brito e Monarco em 2000 Foto: Divulgação

Com Beth Carvalho, João Nogueira, Elza Soares, Noca da Portela e Zé Kéti, em 1997 Foto: Leo Aversa

O garoto que aprendeu a tocar violão com Nelson Cavaquinho e que desde cedo compunha com seu padrasto, o letrista Alfredo Português, tinha um encontro com o destino.

Logo se tornaria um dos baluartes da Mangueira, autor de alguns dos sambas-enredos mais importantes da história da escola, da qual virou presidente de honra.

Em quase um século de vivências, Nelson Sargento não apenas testemunhou como participou diretamente das diferentes mutações do samba.

Um gênero em eterna agonia, que ele e seus parceiros sempre socorreram “antes do suspiro derradeiro”, como diz uma de suas músicas mais conhecidas, “Agoniza mas não morre”.

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