A resposta inicial do governo à denúncia sobre um orçamento secreto para pagar o apoio de deputados e senadores que o apoiam está pronta e foi oferecida, hoje, espontaneamente, pelo general Hamilton Mourão, vice-presidente da República.
O que ele disse: “Quem é que distribui isso aí? Foi lá dentro do Congresso que foi repartido. O que posso fazer? Posso fazer nada! A repartição é pra lá. O que pode é se negociar e buscar recuperar isso aí. Pelo que eu li, é algo que já foi decidido, não tem volta”.
O general está certo. Volta não há. Quando nada porque o presidente Jair Bolsonaro concordou com a ideia. Com medo de um pedido de impeachment, ele deu por esquecida a promessa de campanha de que não usaria meios sujos para governar.
As redes sociais estão repletas de vídeos onde Bolsonaro, então candidato, atacou os presidentes da República que, em nome da governabilidade, mandaram às favas leis e a compostura para que o Congresso aprovasse projetos do seu interesse.
No início dos anos 90, Fernando Collor negou-se a proceder assim. Acusado de corrupção nos estertores do seu governo, Collor deu o dito pelo não dito e chegou ao ponto de tentar comprar votos para não cair. Sobrou dinheiro, faltou quem vendesse seu voto.
Dilma Rousseff, no seu primeiro mandato, atropelou a Lei de Responsabilidade Fiscal gastando mais do que fora autorizada pelo Congresso – as famosas pedaladas. Não foi por isso que caiu, foi porque evaporou-se apoio político para governar.
Por ora, ainda não falta apoio a Bolsonaro para tal. Mas pandemia com quase 500 mil mortos, tratamento precoce da Covid que jamais existiu, atraso deliberado na compra de vacinas, e agora orçamento secreto, tudo isso poderá lhe custar o poder em 2022.