“Trabalhar, dar de mamar no caminho. Theodora tá aqui: enchendo a barriguinha pra deixar a mamãe trabalhar”. O vídeo da senadora Mailza Gomes amamentando a filha Theodora de apenas 8 meses, durante a frenética corrida eleitoral de 2020, conquistou os acreanos. Ela fez história ao ser a primeira senadora a dar à luz durante o mandato e foi destaque na imprensa nacional.
A tarefa? Não foi nada fácil, como ela conta ao jornalismo do ContilNet. Mailza compartilha um pouco dessa e de outras experiências conosco em um mês duplamente especial: comemora-se o Dia das Mães, neste domingo (9), e o aniversário de 195 anos do Senado, completos no último dia 6.
A senadora foi surpreendida pela gravidez em pleno mandato. Não bastasse o desafio duplo – a gravidez e o mandato – deu à luz em plena corrida eleitoral. Somados a isso, uma pandemia mundial e a presidência de um dos partidos mais expressivos do Acre, o Progressistas, nos dão a noção do desafio que Mailza tinha pela frente.
Com a mesma força que mostra no Senado, defendendo as mulheres e lutando pela igualdade na política, Mailza foi. E levou Theodora junto. “A Theodora tem sido minha inspiração, minha força. Dá trabalho? Dá. Mas entre o trabalho que tenho cuidando e a preocupação de deixá-la, prefiro ter o trabalho de cuidar”, conta. Mailza faz questão de deixar claro que ela e toda a sua equipe foram respeitosos a todos os rígidos protocolos estabelecidos pelos órgãos de saúde – a maior prova disso é que nem ela e nem Theodora contraíram covid-19.
Com um sorriso no rosto e muita disposição, Theodora também recebeu a nossa reportagem. Foto: ContilNet
Os desafios ainda são muitos. O Brasil enfrenta uma grave pandemia, as movimentações para as próximas eleições já podem ser observadas e, no caso de Mailza, o mandato, a maternidade e a condução do Progressistas no Acre. Nossa equipe falou desses e outros assuntos. Acompanhe:
ContilNet: Nós ficamos encantados com o vídeo da Theodora, postado nas suas redes sociais na época das eleições de 2020. Como foi esse desafio?
Mailza: Fácil não é. Ser mãe, por si só, exige muita dedicação. Amamentar então é mais desafiador ainda. Não foi fácil. Mas o instinto de mãe torna tudo possível. Esse vídeo [captado em um momento no período eleitoral] narra um pouquinho de como foi essa jornada.
A Theodora nasceu em agosto, bem no início do período eleitoral. Ela visitou, comigo, todos os municípios e participou de diversas atividades, do partido e da campanha. Ela me deu força. Hoje, ela tem 8 meses – ela completa mais um mês de vida no próximo dia 10. É importante ressaltar que tomamos todos os cuidados. Eu e minha equipe priorizamos muito isso. A prova disso é que, graças a Deus, não contraímos covid-19.
Você é protagonista de uma intensa luta pela igualdade e defesa dos direitos das mães – e das mulheres como um todo – no Senado. Neste Dia das Mães, é essencial falar disso. Como tem sido encarar esse desafio?
É um desafio bom, mas por conta da dificuldade de se defender a mulher com as condições que temos atualmente, torna-se uma luta que precisa ser vencida todos os dias. E é uma luta não só minha: somos poucas mulheres no Senado, mas somos muito envolvidas na defesa da mulher. Somos, ao todo, 81 senadores. Desses, apenas 12 mulheres. É mais do que necessário estarmos unidas, lutarmos por espaço, protagonizarmos discussões e pensar em políticas efetivas para a mudança desse quadro. Dentro e fora do Senado.
Você sente que algo tem mudado? Como mulher, qual o seu desejo?
Vem mudando gradativamente. Não é algo que vamos conquistar da noite para o dia. É diário. Depende do olhar de quem está próximo, de quem tem poder de decisão e, claro, dessa união que experienciamos hoje. Felizmente, temos alcançado muitas conquistas nesses últimos tempos.
O Senado foi – e tem sido – palco de discussão para muitas leis de favorecimento da mulher. É um avanço – claro, ainda não chegamos no ideal, não alcançamos, ainda, a igualdade. Mas a tendência é essa: evoluirmos essa discussão sempre. Nossa luta é para que mais mulheres entrem nesse cenário e possuam poder de decisão. Nós não queremos estar na frente do homem. Queremos estar ao lado. É possível.
Nas eleições passadas, vimos mulheres que foram muito bem sucedidas nas urnas e estão fazendo um excelente trabalho. Você tem sentido isso nas suas visitas pelo Acre?
Sinto. A mulher tem garra! Precisamos, apenas, valorizar isso. Acredito que, quanto mais mulheres se colocarem nesse lugar de protagonismo, mais respeito conquistaremos. É isso que incentivo: que a mulher tenha coragem, que ela vá à luta. As conquistas virão. E essa luta não se resume apenas à quem está à frente: precisamos ter presença de mais mulheres dentro dos partidos, compondo as equipes de trabalho. Mas isso vai de cada uma. Nós, como parlamentares, temos a função de facilitar isso com nosso poder de decisão.
Mailza também é mãe do Henry Miguel, de 13 anos; e Helena, de 9 anos. à direita, o esposo James Gomes. Foto: arquivo pessoal
Ser mãe e senadora: como conciliar duas tarefas que exigem tanta responsabilidade?
É um desafio! Não estava na minha programação ter um bebê dentro do mandato [risos]. Ainda mais no meu primeiro mandato! Ao mesmo tempo que estava ali, aprendendo a ser uma parlamentar, estava sendo mãe. Ainda bem que a experiência de ser mãe eu já tinha, pois tenho dois filhos além da Theodora [o Henry Miguel, de 13 anos; e Helena, de 9 anos]. Ainda assim, foi desafiador. O movimento no Senado é frenético. Por conta da pandemia, as coisas mudaram. Alguns dos nossos compromissos são cumpridos de forma online, tem sido mais tranquilo; mas, se não tivéssemos nesse momento, eu estaria me desdobrando ainda mais. Está sendo puxado, mas estou dando conta. A Theodora tem sido minha inspiração, minha força. Dá trabalho? Dá. Mas entre o trabalho que tenho cuidando e a tendo perto, e a preocupação de deixá-la, prefiro ter o trabalho de cuidar.
É um trabalho bom, né?
É gostoso demais! [risos]
Ser mãe, mesmo com todos os percalços, é uma coisa linda. É inspirador. E a Teodora veio em um momento [pessoal] maravilhoso, apesar de estarmos em meio a tantos desafios [na política, pandemia, e outros]. Ela tem me ajudado. Tem sido minha assessora! [risos]
Você comentou que a rotina no Senado mudou por conta da pandemia. Como era antes? E, na pandemia, você tem conseguido cumprir uma agenda ou encontra limitações?
Esse trajeto é muito intenso para todos os parlamentares. A não ser que você não se importe de ficar mais lá. Ficar mais aqui infelizmente não dá, por conta dos compromissos semanais: terça, quarta e quinta têm votações. Você tem que estar. É presencial [antes da pandemia]. Em 2019, fiz essa jornada de forma bem intensa, me dediquei bastante e desenvolvi bem: consegui visitar os municípios – eu conheço todos os municípios. Fui mais de duas vezes a cada um.
Conheci muitas comunidades, conversei com muitas pessoas e posso dizer que conheço as características do povo do Acre. Não conheço ainda todas as comunidades, mas estou fazendo isso. Estou visitando o interior, comunidades indígenas, rurais. Mas estou feliz por já ter visitado todos os municípios e trazer recursos para todos – emendas disponíveis e ainda consegui emendas extras.
Acredito que estou fazendo um bom trabalho aqui e lá, contribuindo com as pautas, enriquecendo as discussões. Uma área que procurei muito participar foi a área social, a Comissão de Saúde, Comissão de Educação, Comissão de Assuntos Sociais. É muito gratificante. Participei de todas as sessões, todas as votações e o aprendizado foi enorme. Deixei e estou deixando minha contribuição para com o Brasil, nosso presidente e o Estado do Acre.
Estamos nos aproximando de mais um período eleitoral. Já conseguimos ver algumas movimentações da parte de pessoas e partidos. Nesse sentido, você já tem algum plano?
Por enquanto, honestamente, não estou fazendo nada mais do que meu dever, minha obrigação – que é visitar, cobrar, trazer soluções, investimentos. A consequência disso é algo que precisamos decidir lá na frente, no momento propício. Agora, tenho pensado em fazer meu trabalho de forma digna e honesta. E faço isso com muita alegria. Pretendo continuar fazendo as visitas, prestando conta do meu mandato, fazer mais e melhor e desenvolvendo meu papel com o maior zelo possível.
Mailza revela que vai passar o Dia das Mães longe de sua mãe, dona Creusa (à sua esquerda). Á direita, sua avó Jandira. Foto: arquivo pessoal
Como vai ser o seu Dia das Mães? Quer aproveitar esse espaço e mandar uma mensagem para as mães que leem nosso site?
Amanhã, vou ficar com a Theodora. Meus filhos e minha mãe [dona Creusa, de 70 anos] estão em Brasília. Não tenho como ir, e eles não têm como vir. Vou ligar para algumas mães, já fiz alguns vídeos… nesta data, quero tentar estar mais próxima da população. Essa data é muito importante para as famílias.
Quero parabenizar nossas mãezinhas e dizer que estou continuamente pensando em vocês. Minha missão é trazer ideias, discussões e políticas que valorizem nossas guerreiras.
Mensagem especial da senadora Mailza Gomes para as mães do Acre: