O arguto Major Wherles Rocha, atual vice-governador do Estado, dono de retórica atual e muito impressionante para quem, como eu, o conhece intelectualmente desde os tempos em que fomos repórteres juntos, na saudosa redação de O Rio Branco e sob a batuta do não menos saudoso José Chalub Leite, por certo desconhece o monge Evágrio Pôntico. Aliás, não conhece nem poderia já que a atividade intelectual, como o trabalho braçal de ler e pesquisar não permitiria tempo à alguém que passou a se dedicar com tamanha entrega à nobre atividade da política, como um sacerdote. Compreensível até. Mas deveria conhecer o monge.
Afinal foi ele que, no Século IV, se permitiu catalogar os sete pecados capitais e os classificou, segundo sua ótica, os imperdoáveis. E, segundo sua classificação, na então incipiente Igreja Católica, o pior entre todos os pecados capitais é o da vaidade. Aliás, consta que esta premissa e a própria classificação do monge católico buscava, isso sim, ajudar no cumprimento dos Dez Mandamentos ordenados diretamente por Deus e esculpidos na tábua de Moisés. São Tomás de Aquino, o pai da Escolástica e considerado pela Igreja como seu “Doctor Universallis”, disse que a vaidade seria não só o mais abominável dos pecados capitais, mas também aquele que, cuja soberba, seria o prenúncio do fim, o começo da queda.
Major Rocha, o vice- governador que poderia ter tido uma carreira brilhante, caminha para o anonimato por não atentar para estes fins. A soberba lhe foi tanta que o fracasso lhe subiu a cabeça.
Eleito para ser o segundo na hierarquia do Estado, quis ser, senão o primeiro, dividir espaços, half and half, meio à meio, com quem foi eleito para ser o primeiro, no caso o governador Gladson Cameli. Afável, generoso e sincero, desde o princípio do governo, Gladson entregou cargos e secretarias pontuais ao vice-governador, confiando que ele seria seu homem avançado, o segundo homem, a ajudar num governo de um Estado difícil, principalmente numa área mais difícil ainda, a da Segurança Pública.
E o que fez o segundo homem? Como numa história bíblica do Bom Samaritano às avessas, ele não só cuspiu nas mãos que o protegeram e o fizeram vice governador como quer algemá-las, tratando o governador dos acreanos, cuja popularidade beira aos 80 por cento de aprovação, como um marginal da política, acusando-o de corrupção, sem a menor prova ou argumento plausível.
Isso mostra que Major Rocha, que deve saber tudo de guerras e enfrentamentos humanos em campos de batalha, pouco sabe de humanidades. Não sabe que a vaidade dos que tentam tomar o lugar de quem previamente foi indicado para tal, na política, não é só pecado. É traição.
E, na política e na vida, desde Judas, o traidor, este pecado é punido com o desprezo. Exatamente como ele e seu grupo estão sendo tratados – todos a caminho do anonimato. Sabia tudo o velho Evrágio Pôntico.