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Deputado Luis Miranda chega de colete à prova de balas e com bíblia nas mãos para CPI da Covid

Por O GLOBO

Deputado Luis Miranda (DEM-DF) chega à CPI da Covid, no Senado, vestindo um colete à prova de balas Foto: PABLO JACOB / Agência O Globo

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) chegou ao Senado Federal vestindo um colete à prova de balas e carregando uma bíblia. Ele e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor de carreira lotado no Departamento de Logística do Ministério da Saúde, prestarão depoimento na CPI da Covid nesta sexta-feira.

Eles foram convidados pela comissão após o servidor Luis Ricardo revelar que havia denunciado pessoalmente ao presidente Jair Bolsonaro suspeitas de ilegalidade na compra da vacina indiana Covaxin. Após o início da sessão da CPI, o deputado Luis Miranda retirou o colete para prestar o depoimento.

Um dos principais pontos da oitiva envolverá a autenticidade de um recibo da pasta, que, segundo Luis Ricardo, evidencia ilegalidades na aquisição do imunizante. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, acusou os irmãos Miranda de terem falsificado o documento. Chamado de “invoice”, o recibo, entretanto, está disponível no sistema do Ministério da Saúde e, portanto,pode ser obtido por integrantes do governo a qualquer momento, conforme atestado pelo GLOBO.

Contexto

Ricardo Miranda diz que foi pressionado por seus superiores a dar agilidade à compra da Covaxin. Relata também que o tal documento cuja autenticidade passou a ser questionada atesta que o ministério iria pagar antecipadamente U$ 45 milhões à empresa Madison Biotech, apontada como uma subsidiária da Bharat Biotech, fabricante da vacina indiana. A Madison, porém, não constava no contrato assinado com a pasta. O recibo em questão tem a data de 19 de março deste ano e, segundo Miranda, foi o motivo para que ele contrariasse seus chefes e se recusasse a dar aval ao processo.

Sob o argumento de que havia erros materiais no documento, foram enviados ao ministério outras duas versões do “invoice”, com algumas modificações. De acordo com Miranda, ele detalhou todas as suspeitas ao presidente da República naquele dia 20 de março. Ainda segundo o servidor, Bolsonaro disse que levaria o caso ao conhecimento da Polícia Federal.

— Eu apresentei toda a documentação, o contrato que foi assinado, as pressões que estavam acontecendo internamente no ministério, e a gente levou até a casa do presidente (no Palácio da Alvorada). Conversamos com ele, mostramos todas as documentações, as pressões, e ele ficou de, após a reunião, falar com o chefe da Polícia Federal para investigar — disse o servidor.

Até hoje, entretanto, a PF não abriu nenhum inquérito para apurar a situação.

Horas após a publicação da entrevista, em um pronunciamento sem direito a questionamentos, na quarta-feira, tanto Onyx quanto Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, afirmaram que há indícios de que a fatura apresentada pelos irmãos Miranda não era verdadeira ou teria sido forjada para prejudicar Bolsonaro. Com base nisso, o governo pediu uma investigação para Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e a Controladoria-Geral da União (CGU).

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