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Flávio Dino, governador do Maranhão, pede desfiliação do PCdoB

Por O GLOBO

O governador do Maranhão, Flávio Dino 12/03/2021 Foto: Divulgação

O governador do Maranhão, Flávio Dino, anunciou nesta quinta-feira seu pedido de desfiliação do PCdoB. Em suas redes sociais, Dino agradeceu ao partido, mas citou diferenças “de estratégia e tática política” e defendeu a discussão de alianças para 2022. O provável destino de Dino é o PSB, que acertou também a filiação do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

“Informo que pedi desfiliação ao PCdoB. Desejo êxito ao partido na sua caminhada em defesa de uma Pátria Livre e Justa. Uma grande Frente da Esperança é um vetor decisivo para um novo ciclo de conquistas sociais para o Brasil. A tal tarefa seguirei me dedicando”, escreveu Dino.

“Agradeço ao PCdoB a acolhida fraterna nesses 15 anos de militância. Diferenças que hoje temos, de estratégia e tática políticas, são menos importantes do que o meu reconhecimento ao papel histórico do partido na defesa de um novo projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil”, concluiu o governador.

Dino deve anunciar sua filiação ao PSB na próxima terça-feira, dia 22, em Brasília, mesma data em que está marcado o ato de filiação de Freixo ao partido.

Nas conversas com o PSB, o governador do Maranhão sinalizou que pretende concorrer ao Senado em 2022. Com as chegadas de Dino e Freixo, cresce dentro do PSB o bloco dos que defendem uma aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A cúpula do PSB não descarta se coligar ao PT, seja na chapa presidencial ou em palanques locais, mas segue mantendo por ora a abertura à construção de uma terceira via nacional, tese mais forte em diretórios de estados como Minas e São Paulo, e presente também em alas do partido dentro de estados mais “lulistas”, como Pernambuco.

Decisão pega partido de surpresa

A decisão surpreendeu e provocou mal-estar na cúpula do PCdoB. Em reunião com a direção da legenda, o governador havia se comprometido a esperar a votação das mudanças de regras eleitorais na Câmara.

Na sexta-feira, Dino disse  ao GLOBO que só tomaria qualquer decisão sobre o seu futuro político quando as regras eleitorais para 2022 estivessem claras, e que a eventual aprovação do modelo de federação partidária abriria um “cenário novo, que demanda novas avaliações”.

Para vencer a cláusula de barreira em 2022, que exigirá dos partidos no mínimo 2% dos votos em âmbito nacional para ter acesso à verba do fundo partidário e ao tempo de TV, o PCdoB vem apostando na aprovação da federação partidária, uma espécie de coligação mais rígida. Reservadamente, lideranças do partido admitem também a retomada de conversas por uma fusão com o PSB, paralisadas antes das eleições municipais do ano passado.

No PSB, que não cogita por ora mudanças de nome ou uma alteração significativa de estatuto, discute-se a possibilidade de incorporar o PCdoB. Nesse cenário, a migração em bloco de nomes do PCdoB antes de 2022 passou a ser cogitada como sinalização de boa-fé entre as duas legendas. O movimento também permitiria a nomes do PCdoB que planejam disputar cargos majoritários em 2022, como o próprio Dino e a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), maior estrutura e recursos nos seus estados.

Manuela e outras lideranças do PCdoB, como o deputado federal Orlando Silva (SP), têm defendido a prioridade da tentativa de aprovar a federação partidária na Câmara, e que uma futura conversa com o PSB envolva um consenso interno no partido. Em suas redes sociais, a ex-deputada lamentou a saída de Dino:

“Lamento a saída de meu amigo Flávio Dino do PCdoB. Sei que nos encontraremos na luta em defesa de um Brasil justo e desenvolvido”, escreveu Manuela, que também comentou sobre a possibilidade de sua desfiliação. “Alguns me perguntam e especulam sobre o meu destino: não acredito em saída individual para dilemas coletivos”.

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