A técnica em saúde bucal Thais Silva Campos, de 27 anos, assassinada com cinco tiros na noite de ontem, teria sido enganada pelo ex-companheiro, segundo a polícia do Distrito Federal.
A vítima foi atingida pelos disparos depois que abriu o portão do prédio em que morava.
As investigações iniciais apontam que o suspeito, Osmar de Sousa Silva, de 36 anos, iria devolver a filha dos dois depois que a menina passou o fim de semana com o pai.
Câmeras de segurança do edifício, na cidade de Sobradinho, registraram o feminicídio.
Osmar está foragido desde ontem. A Polícia Civil do Distrito Federal está em diligência tentando capturá-lo. O UOL tentou contato com o delegado responsável pelo caso, Hudson Maldonado, mas até às 17h30 ele não havia voltado para a 13ª Delegacia de Polícia.
A Polícia Civil do Distrito Federal não detalhou em que locais as equipes estão em diligência, para não atrapalhar as investigações, informando também que o caso corre em segredo de Justiça, portanto não se sabe se foi pedida a prisão preventiva do investigado.
“A 13ª DP investiga o caso. Consta que a 13ª DP tomou conhecimento, via CEPOL, sobre um feminicídio ocorrido na quadra 14, na cidade de Sobradinho. A vítima, de 27 anos, foi atingida por disparo de arma de fogo desferido pelo ex-companheiro, que se encontra foragido. A delegacia apura o crime”, informou a corporação em nota.
Imagens gravaram o crime
O feminicídio foi registrado por câmeras do circuito interno do prédio. Nas imagens, o suspeito do crime chega ao local usando boné e segurando uma mochila. O veículo dele, um Honda Civic de cor branca, estava estacionado na calçada.
A vítima chega à área externa do imóvel, abre o portão e sai para a calçada. Neste momento, o autor do crime atira quatro vezes à queima-roupa contra Thais, que cai para dentro da área do prédio.
Enquanto ela agoniza no chão, o atirador dispara mais uma vez contra ela e foge no carro.
O Corpo de Bombeiro Militar foi acionado para prestar socorro à vítima, mas ao chegar ao local ela já estava em óbito. A dentista foi atingida por cinco tiros de pistola calibre 380 na região da cabeça e maxilar.
O UOL procurou familiares de Thais, que disseram que não vão falar sobre o assunto. Não há informações sobre velório e enterro.
Ela trabalhava como técnica de higiene dental na Secretaria de Saúde havia cinco anos e era lotada na UBS 3 (Unidade Básica de Saúde), na região administrativa da Fercal (DF). Em homenagem nas redes sociais, colegas de trabalho destacaram que a vítima era uma mulher “agradável” e “lutadora”.
“Thais era tida pelos amigos e colegas de trabalho como uma pessoa linda, nos mais diversos sentidos. Era uma ótima companhia. Mesmo quando enfrentava problemas em sua vida pessoal, estava sempre disposta e alegre. Será lembrada como uma pessoa agradável e lutadora”, ressalta o texto.
Veículo abandonado
O veículo usado para fuga da cena do crime foi localizado pela Polícia Militar abandonado em um estacionamento de um supermercado da região horas depois do crime. O carro foi periciado pela polícia e não está registrado como sendo do suspeito.
Segundo a PM, hoje foram montadas barreiras policiais no entorno do Distrito Federal para tentar capturar o ex-companheiro de Thais.
Pela manhã, segundo a polícia, uma pessoa telefonou para o disque denúncia 197 informando que Osmar estava fugindo para Portugal, mas, ao chegarem ao aeroporto de Brasília, os agentes descobriram que não havia nenhuma passagem emitida no nome dele.
“Não sabemos se foi trote ou se foi alguma informação para despistar a polícia”, disse a PM.
A filha do ex-casal tem dois anos e não estava no local no momento em que a mãe foi assassinada.
A menina estava com familiares, que já foram ouvidos e afirmaram, segundo a polícia, não saber que Osmar tinha saído para atacar Thaís.
A jovem teve um relacionamento de cerca de cinco anos com o investigado e eles se separaram há cinco meses.
Nesse período, ela tinha relatado a familiares que estava com medo de ameaças do ex-companheiro.
Não há registro de Boletim de Ocorrência registrado pela vítima sobre violência doméstica.
Entretanto, de acordo com as autoridades, Osmar Sousa Silva tem registro na 6ª Delegacia de Polícia, em Paranoá, por acusação de violência doméstica contra uma ex-companheira em 2016. Não há informações se o caso seguiu para a Justiça.