CAMPO GRANDE (MS) – Um dos maiores ou o maior acusado de diversos crimes em Mato Grosso do Sul, o empresário Jamil Name, 82 anos, faleceu no fim da tarde deste domingo (27), em um hospital de Mossoró (RN). Ele estava preso a dois anos no presidio federal na cidade do Nordeste, acusado de ser o chefe de grande e histórica organização criminosa no MS. Name morreu por agravamento em quadro de insuficiência renal via sequelas de Covid 19. Ele foi diagnosticado com coronavírus em 31 de maio e estava hospitalizado desde 2 de junho.
Name era peça central da ‘Operação Omertá’, deflagrada em setembro de 2019, quando a Polícia Civil de MS e o Gaeco prenderam empresários, policiais, guardas municipais, investigados por execuções em MS. A ”Omertà’ o acusou, e há diversos processos, como a outros envolvidos, por crimes de pistolagem, jogo do bicho, formação de quadrilha, ameaça de morte a autoridades da Segurança Pública e Judiciário. E ainda, lavagem de dinheiro e tráfico de armas. Bem como, a ao menos, quatro execuções mais recentes, que ocorreram em Campo Grande nos últimos três anos, em provável decorrência de vinganças ou queima de arquivos.
Veja abaixo, mais detalhes sobre que Name foi um ‘personagem’ da história de Campo Grande, com poder e influência por décadas. Teve mulher vereadora, cunhado deputado e presidente da Assembleia Legislativa de MS e atualmente um filho é deputado estadual (Jamilson Name). Name, era considerado da ‘alta sociedade’ e tinha em seu rol de conhecidos, políticos de vereador a prefeitos, governadores, deputados, senadores, bem como juízes e delegados.
Mas, a dois anos, ‘caiu’ e de ‘grande personalidade de MS’, passou os últimos 600 dias de vida na prisão. Ele se tornou o maior presidiário de MS, acusado de diversos crimes, junto com o filho, Jamil Name Filho, 43 anos. Mas, nada havia chegado a esfera judicial para julgamento. Após ‘cair em desgraça’, Name que conseguia tudo, não conseguiu durante os dois últimos anos, nenhum beneficio judicial para qualquer pedido de saída da prisão, seja na primeira instancia e até nos STJ (Superior Tribunal de Justiça) e STF (Supremo Tribunal Federal).
O deputado Jamilson Name, confirmou e lamentou a morte do pai. “Meu pai faleceu na tarde de hoje, infelizmente”, disse. A família ainda não repassou informações como será procedido o funeral de Name.
A situação de saúde a partir de Maio
A defesa de Jamil Name protocolou no STJ um pedido de tutela provisória para concessão de medida liminar autorizando a prisão domiciliar ou internação de Name em um hospital de referência no tratamento da Covid-19. Houve, após a Covid, autorização para transferência dele para hospital em Brasília, mas não houve condições de saúde para tal.
Com várias comorbidades ele foi encaminhado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em estado crítico, com baixa saturação de oxigênio no sangue, precisando fazer uso imediato de oxigênio. Como não havia vaga na rede pública de Mossoró, ele precisou ser internado em um hospital particular e entubado, ficando sob escolta de Agentes Penitenciários Federais naquele município.
Ele já estava com mais de 50% dos pulmões comprometidos pela doença quando foi internado. Foi intubado, chegou a ser extubado, mas no fim da semana passada, piorou, passando a precisar de hemodiálise. A família chegou a conseguir, na Justiça, autorização para transferência dele para hospital em Brasília, mas as condições de saúde não possibilitaram a mudança.
No dia 31 de maio, o sistema penitenciário federal chegou a solicitar com urgência a compra de 14 ampolas do medicamento Ceftriaxona 1g e fraldas geriátricas pela ocorrência de diarreia constantes, além de informação sobre a existência de plano de saúde ativo, segundo informações repassadas pelo defensor Tiago Bunning.
Históricos
Jamil Name Filho chegou a ser preso em 2009 pela Polícia Federal em ação contra exploração de caça-níqueis. Ficou no presídio federal de segurança máxima em Campo Grande, mas acabou sendo solto.
Na primeira peça oficial da Operação Omertà, em 20 de agosto de 2019, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Organizado) afirma que a milícia armada especializada em crimes de pistolagem copiou sua estrutura do jogo do bicho que Jamil Name comandava há pelo menos três décadas.
Foram identificados quatro núcleos: o comando, os gerentes, os homens de apoio e os pistoleiros, a quem cabia emboscar e eliminar as vítimas.