Subjugar e humilhar os homens, além de provocar pânico e satisfazer os desejos sexuais mais lascivos durante os estupros, são sentimentos que movem o psicopata Lázaro Barbosa Sousa, 32 anos.
Perfil da personalidade do maníaco foi traçado pela psiquiatra forense e professora da Escola Superior da Polícia Civil (ESPC) do Distrito Federal Conceição Krause, durante entrevista concedida ao Metrópoles.
O criminoso, que há 11 dias é alvo da maior caçada policial já ocorrida no Entorno do DF, foi classificado pela especialista como um homem com sinais de psicopatia que o impedem de sentir amor, compaixão, carinho, afeto ou qualquer tipo de empatia pela vida humana.
“Ele é desprovido de qualquer ética moral. Fica claro que Lázaro trata a vida humana como simples objeto utilitário. Usa a vítima para alcançar um objetivo determinado ou satisfazer um desejo. Depois descarta, muitas vezes, de forma fatal. Estupra e mata para se alimentar do pânico que isso provoca na vítima”, assinala Conceição Krause.
A psiquiatra forense avalia que, provavelmente, Lázaro tenha sofrido traumas psicológicos e agressões físicas durante a infância.
Marcas que nunca cicatrizaram e moldaram sua personalidade com uma infinidade de desvios morais.
“Em casos de criminosos com conduta semelhante à de Lázaro, figura a coincidência de terem vivido uma infância com abusos, nem sempre sexuais, mas psicológicos. Sinais de agressividade no seio familiar, espancamentos, sempre com a ausência da presença positiva dos pais”, explica.
Subjugação
A psiquiatra forense da PCDF avançou no perfil psicológico do psicopata e foi incisiva ao dizer que Lázaro não sabe lidar com frustração, perda ou humilhação.
“Qualquer situação como essa o deixa extremamente agressivo e irritado. Ele não suporta se sentir dessa forma e age, o mais rapidamente possível, para se livrar dessa sensação, quase sempre com agressividade”, analisa.
De acordo com a professora, Lázaro tem um modo específico de enxergar as pessoas que o cercavam quando estava convivendo em sociedade.
Vê o ser humano como objeto em que ele pode descarregar a agressividade.
“Uma grande marca dele com certeza é usar, principalmente, mulheres como objetos para se satisfazer”, salienta a especialista.
Na avaliação de Conceição Krause, indivíduos com traços de psicopatia se mostram quem realmente são nas cenas de crime.
Lázaro aplica toda a frustração, agressividade e subjugação nas vítimas. Exatamente como aconteceu com os quatro membros da família assassinada por ele.
“Lázaro tem a necessidade de deixar os homens nus, amarrados e subjugados. Naquele ambiente, quem manda é ele. Obrigar mulheres a cozinharem para ele tem um significado. É uma forma de se sentir, supostamente, importante”, pondera a psiquiatra.
Pelo menos em duas ocasiões, obrigou reféns a fumarem cigarros de maconha em sua companhia. Segundo a psiquiatra forense, existe um simbolismo por trás da atitude.
“Naquele momento, é como se pudesse desfrutar da presença de pessoas que estão reunidas, compartilhando o prazer de fumar. É uma cena que Lázaro, provavelmente, idealiza em seu imaginário. É o instante em que ele reproduz quem gostaria de ser”, observa.
Camaleão
Dissimulado, habilidoso e com grande capacidade de mimetizar em ambientes como as matas fechadas, faz de Lázaro um alvo difícil de ser preso.
“Em parte dos casos, o psicopata é um tipo de camaleão, seja para passar despercebido como um cidadão comum perante a sociedade, seja como um mateiro para se esconder e passar dias na mata. Parte dessa desenvoltura se deve às habilidades que ele desenvolveu na infância e adolescência, quando preferia ficar mais no mato a estar em casa”, finaliza Conceição Krause.
Cerco policial
O cerco policial montado pelas forças de segurança para tentar capturar o assassino se concentra no município de Girassol, em Goiás, local em que o criminoso trocou tiros com a polícia e voltou a se esconder na mata.
A Polícia Civil de Goiás divulgou vídeos que mostram a caçada ao assassino em série pela região.
Conforme o Metrópoles revelou, os agentes encontraram pelo caminho, durante as diligências, vários rituais supostamente deixados pelo psicopata.