Cansados de esperar pelo governo federal, o povo indígena Nawa fez a autodemarcação de sua terra, situada em Mâncio Lima, município mais ocidental do Brasil, no interior do Acre. Os trabalhos começaram em maio e teve o objetivo de garantir a proteção do território, ameaçado por invasões para caça, pesca, pecuária, exploração madeireira e ocupação ilegal.
A área está localizada dentro do Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD), que pode ser extinto caso o projeto de lei defendido pela deputada Mara Rocha (PSDB) e pelo senador Márcio Bittar seja aprovado no Congresso. O PL quer alterar a classificação do parque, tornando-o uma Área de Proteção Ambiental (APA), que possibilitaria a exploração dos recursos naturais.
Os indígenas também se sentem ameaçados por esse projeto e tem a demarcação de sua terra como uma forma de combater o avanço da proposta. No entanto, para que o território seja legalmente uma terra indígena, é necessário o reconhecimento por parte do governo federal.
O atual presidente, Jair Bolsonaro (sem partido) é conhecido por suas posições críticas aos povos indígenas e à demarcação de terras, prometendo não fazer avançar nenhum pedido de criação desse tipo de área.
“Não adianta a gente ter uma terra e quando decidirem demarcar não ter mais nada. Por isso que tomamos essa atitude, devido às invasões que estão ocorrendo dentro da terra indígena e também do Parque Nacional da Serra do Divisor, porque a nossa terra fica dentro do parque”, disse, ao G1-Acre, a líder indígena Lucila Nawa.
Cerca de 50 famílias indígenas vivem na terra. Segundo eles, as invasões ficaram mais frequentes em 2019. A área também é utilizada por índios isolados que perambulam pela região.