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Saiba quem é o criador do vídeo da Pifaizer respondendo a Bolsonaro

Por O GLOBO

"Esse menino" Foto: Reprodução

“Já tô no grau”, escreve o comediante Esse menino no WhatsApp para dizer que está pronto para entrevista. A frase faz referência ao maior sucesso da internet da última semana: o vídeo da Pifaizer, em que ele interpreta o imunizante mandando e-mails para o presidente Jair Bolsonaro. “As vacinas tão no grau, mami”, “vai responder não, puta?” e “beijinhos científicos” são alguns dos trechos que viraram incontáveis memes e figurinhas de “Zap”. O vídeo, compartilhado há cinco dias, já teve mais de 14 milhões de visualizações no Instagram. A conta dele, @essemenino, passou de 36 mil seguidores para 617 mil até a publicação desta matéria.

— E se eu te contar que esse vídeo quase não foi ao ar? Vou lançar um especial de comédia e queria ter uns 40 mil seguidores. Pensei em lançar um videozinho para bater esse número — diz o jovem, que ficou em dúvida entre dois roteiros: o da vacina e outro sobre publicidade no mês do orgulho LBTQIA+. — Estava rolando a CPI, uma coisa mais urgente. Aí pensei: ‘Vamos de Pifaizer”.

Menino de ‘Tchó Tchó’

Nascido em Belo Horizonte e criado em Teófilo Otoni, cidade do interior de Minas Gerais com cerca de 140 mil habitantes, o rapaz, que pede para ter seu nome omitido, tem 25 anos, estudou cinema, mas se dedica ao humor desde o dia em que alugou um filme de stand-up comedy de Eddie Murphy. Conforme estudava o tema (sozinho, diga-se de passagem), encantou-se com o trabalho de mulheres, principalmente da americana Phyllis Diller. Todas muito distantes da realidade de um menino de “Tchó Tchó”, como Teófilo Otoni é chamada pelos íntimos. Até que…

— Descobri a fada, o cristal Tatá Werneck na MTV. Pensei: “Tem isso aqui do lado”! A MTV daquela época moldou o meu humor — diz ele, que está cheio de fãs famosos, como Bruna Marquezine, Fernanda Souza, Preta Gil, mas ainda não viu nenhum comentário da musa inspiradora. — Na hora em que eu receber qualquer coisa da Tatá, vou ficar doido, desabar.

Antes de se dedicar totalmente a Esse Menino (sua persona artística é uma homenagem à avó, que, com muitos netos, sempre esquece o nome dele e o chama assim), ele chegou a trabalhar em eventos e lojas em Belo Horizonte, cidade onde estudou, no fim da adolescência, e mora hoje em dia.

— Sabe aqueles bichos de espuma, de ativação de marca? Já fui chip de operadora de celular, com fantasia gigante, horrorosa. Passei noite em festa com um povo bêbado mexendo comigo e eu lá tirando foto. Trabalhei em loja de shopping também. O gerente, que era meu amigo, falou uma vez: “Gata, você é muito engraçada, mas não sabe arrumar um estoque. Investe na comédia mesmo”.

Ilustre cidadão

O humorista Esse menino Foto: Reprodução

Na época, Esse Menino já tinha alguns vídeos, mas não era o bastante para quem queria viver de arte. Ele, então, decidiu se mudar para São Paulo e tentar a vida nos clubes de stand up comedy. Ficou alguns meses circulando por alguns palcos até chegar a pandemia e obrigá-lo a voltar para Minas. Em casa, o público dele (e de todo artista) estava nas redes.

Nesse ambiente, ainda mais quando se torna um viral, pode estar a glória, mas também os mais abjetos discursos. Mensagens homofóbicas não tardaram a aparecer nas redes assim que ele começou a bombar. O contragolpe veio num vídeo em que ele contou ter saído do armário com 13 anos, numa cidade do interior, e que não é qualquer comentário que o abala.

 

 

—  Eu entendo que (ser gay) até levanta meu trabalho. A comédia brasileira é muito heteronormativa. Sei que trazer isso dá uma visão diferente. Eu já lidava com isso antes, não é a primeira vez que falei do Bolsonaro ou fiz algo com teor político. Sempre lidei de boa. Não comecei minha carreira para ser gostado por todo mundo.

Os haters certamente são menores que os lovers. Só no primeiro dia depois da publicação do vídeo foram 340 e-mails, diz o mineiro, entre solicitações de imprensa e propostas de trabalho e publicidade. Nenhuma negociação está fechada, apesar de várias em andamento. Certo mesmo é colocar no ar, até julho, no YouTube, um especial de comédia que mescla esquete, stand up e musical, feito antes mesmo da Pifaizer.

— Esse trabalho vai ser uma peça de resistência, fiz 100% independente, com a grana saindo do meu bolso e com a boa vontade da equipe. E com participações especiais de alguns famosos — diz o menino, que também não revela os nomes dos convidados.

Esse menino ainda não voltou para a casa dos pais em Teófilo Otoni desde o estouro nas redes, mas sabe que povo anda em polvorosa com o conterrâneo mais ilustre do momento.

— Estou doido para ir lá e fazer aquela coisa meio ex-BBB que passeia em caminhão de bombeiro. A cidade está doida, a galera parece estar feliz — diz. — Meus amigos ficaram famosos juntos. Eles estão assim: “A gente é praticamente os amigos de Honório Gurgel da Anitta, que bombam junto”.

Os haters certamente são menores que os lovers. Só no primeiro dia depois da publicação do vídeo foram 340 e-mails, diz o mineiro, entre solicitações de imprensa e propostas de trabalho e publicidade. Nenhuma negociação está fechada, apesar de várias em andamento. Certo mesmo é colocar no ar, até julho, no YouTube, um especial de comédia que mescla esquete, stand up e musical, feito antes mesmo da Pifaizer.

— Esse trabalho vai ser uma peça de resistência, fiz 100% independente, com a grana saindo do meu bolso e com a boa vontade da equipe. E com participações especiais de alguns famosos — diz o menino, que também não revela os nomes dos convidados.

Esse menino ainda não voltou para a casa dos pais em Teófilo Otoni desde o estouro nas redes, mas sabe que povo anda em polvorosa com o conterrâneo mais ilustre do momento.

— Estou doido para ir lá e fazer aquela coisa meio ex-BBB que passeia em caminhão de bombeiro. A cidade está doida, a galera parece estar feliz — diz. — Meus amigos ficaram famosos juntos. Eles estão assim: “A gente é praticamente os amigos de Honório Gurgel da Anitta, que bombam junto”.

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