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“É um profeta”: abusador não tem pré-requisito e pode estar no convívio familiar

Por KAHUANA LEITE, PARA CONTILNET

Male hands on little crying girl, concept of children exploitation

Um dos maiores perigos de uma cultura que naturaliza violências contra meninas e mulheres é a desresponsabilização de homens. A maior parte dos crimes é cometida por pais, padrastos e parentes. Alguns comportamentos são tidos como “inofensivos”, mas não são, não está tudo bem um homem adulto passar a mão em uma criança, como aconteceu no vídeo publicado nos últimos dias na rede social do cantor Wesley Safadão, o cantor ainda trouxe falas sobre o episódio, afirmando qu3e o amigo pastor era “um profeta”, contudo, abusadores não possuem pré-requisitos e podem estar em quaisquer lugares.

A cultura machista em que estamos inseridas/os dispõe de uma série de violências que legitimam, toleram e estimulam a violência sexual. A constante não responsabilização dos abusadores é presente em pesquisas, como a do Datafolha (2016), que constatou que um em cada 3 brasileiros culpam mulheres pelo estupro sofrido. Essa mesma pesquisa trouxe o dado de que 85% de mulheres em nosso país temem violência sexual, o risco não está apenas nas ruas, mas, principalmente, dentro de seus próprios lares e famílias. Na pandemia esse cenário se tornou ainda mais dramático, justamente pelo fato de que meninas e mulheres estão convivendo diariamente com seus violentadores.

Todo esse cenário repercute na saúde mental das vítimas, por vezes os responsáveis legais pela criança por estarem inseridos nessa cultura que naturaliza comportamentos abusivos não percebem e/ou toleram violências. As vítimas por vezes se sentem culpadas e são revitimizadas em ambientes nos quais deveriam ser acolhidas. Além disso, a cultura machista contribui para a erotização de crianças e adolescentes como “provocativas” e desde muito cedo meninas são responsabilizadas pela violência que sofrem. São por esses e tantos outros motivos que precisamos criar mecanismos em nossa sociedade que garantam a proteção e a educação sexual acerca de seus corpos, bem como, repensar o que conhecemos como “inofensivo” e responsabilizar os abusadores. Quantas meninas precisam ter seus corpos invadidos para que entendamos que educação sexual é urgente? Quem se beneficia enquanto comportamentos abusivos são naturalizados?

Instagram: @psi.kahua

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