De acordo com o Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul, o fogo teve início por volta de 6 de julho e foi considerado controlado na segunda-feira (12/7).
“Empregamos 50 homens do Corpo de Bombeiros e nove do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e usamos uma aeronave do governo de Mato Grosso do Sul”, informou o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, por meio de assessoria de imprensa.
As chamas foram extintas, mas os bombeiros permanecem no local porque a região está em uma operação de rescaldo.
“Há muito vento na região, muito calor durante o dia e durante a noite esfria bastante, a ponto de queimar a vegetação. Então, essa amplitude térmica, juntada a essa baixa umidade relativa do ar, tem feito com que o fogo volte às vezes. Sempre fica uma fagulha, então nossas equipes permanecem no local monitorando”, explica o tenente-coronel Leandro Mota de Arruda.
O incêndio em Bonito ilustra o início de um período difícil na região: o de fogo intenso. Nesta terça-feira (13/7), o governo de Mato Grosso do Sul publicou dois decretos que declaram situação de emergência em todo o Estado, em razão da estiagem e de incêndios.
O Pantanal, localizado em outra região do Estado, enfrentou o período mais difícil de sua história no ano passado, em decorrência de incêndios florestais de grandes proporções.
Sucuri e cervo
No incêndio na região entre Bonito e Jardim, área turística do Estado, os bombeiros encontraram uma sucuri de 5,5 metros morta. Ela foi atingida pelas chamas.
“O resultado do incêndio florestal é esse”, diz o perfil do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul ao compartilhar imagens da retirada da sucuri da área queimada.
“Compartilhe para que mais pessoas possam se conscientizar sobre os prejuízos para a fauna”, diz trecho da legenda da imagem do animal.
Um porco-do-mato também foi encontrado morto na área atingida pelas chamas.
Um filhote de cervo foi encontrado na região afetada pelo fogo, recebeu apoio dos bombeiros e, sem nenhum machucado, logo foi liberado para voltar ao seu habitat. Outros animais também podem ter sido atingidos diretamente e deixaram a área enquanto o local era tomado pelo fogo.
No ano passado, incêndios em Mato Grosso do Sul viraram notícia em todo o mundo. Isso porque o Pantanal, que tem uma parte localizada no Estado, sofreu intensamente as consequências dos incêndios e a sua fauna foi duramente afetada pelas chamas.
Um levantamento feito por pesquisadores do Grupo de Estudos em Vida Silvestre (GEVS), divulgado pelo jornal O Globo, apontou que ao menos 20 mil animais morreram durante as queimadas no Pantanal no ano passado.
O estudo apontou que 9,5 mil macacos-pregos, 6,7 mil queixadas e 3,6 mil jacarés morreram nos incêndios. Foram as espécies de médio e grande porte com maior número de mortos na Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal, segundo o levantamento.
Esse dado não inclui milhares de serpentes, mamíferos e anfíbios de pequeno porte que foram totalmente carbonizados, segundo O Globo.
Neste ano, o Pantanal já começou a sofrer com o fogo, conforme o Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) em Mato Grosso do Sul. Ainda não há relatos sobre animais afetados no período recente no bioma.
De acordo com o Prevfogo, a expectativa é que a situação no Pantanal se agrave por volta de agosto e setembro, pior período de estiagem do ano.
Conforme o governo local, um dos decretos tem o objetivo de criar uma força-tarefa contra incêndios na região, por meio de ações preventivas com bombeiros, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e brigadistas.
Esse primeiro decreto é justificado, principalmente, pelo período intenso de queimadas do ano passado e pelo risco de que situação semelhante ocorra em 2021.
O segundo decreto declara situação de emergência para todo Estado por conta da estiagem, que pode afetar o abastecimento de água, a produtividade da região, causar prejuízos, em especial aos produtores e até facilitar a propagação de incêndios.
Uma das justificativas para esse segundo decreto é um alerta de emergência hídrica emitido pelo Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) para a região hidrográfica da bacia do Rio Paraná, que abrange diversos Estados, incluindo Mato Grosso do Sul.
O Estado acredita que com a publicação dos decretos, e o encaminhamento ao Ministério do Desenvolvimento Regional, conseguirá avançar na busca de recursos da Defesa Civil Nacional, que são de curto prazo e podem atender emergências, para contratar mais brigadistas, equipamentos, combustível e mais voos de aeronave para atuar no período de queimadas de 2021.