Em dois meses de operação do mercado financeiro, Bruno Fernandes, o Goleiro Bruno, não quer saber de voltar aos gramados.
Após anunciar a aposentadoria para se tornar um trader, a ex-estrela do Flamengo diz que a culpa de sua parada forçada aos 36 anos é da mídia, que o teria condenado a “uma prisão perpétua”.
Como se sabe, Bruno foi acusado e julgado culpado pela morte da modelo Eliza Samúdio, com quem teve um filho.
“Na verdade, eu tenho lenha para queimar ainda, teria condições para continuar jogando, meu preparo físico é bom. Eu tinha a intenção, depois de ter enfrentado a situação que todo mundo já conhece, de dar a volta por cima, de mostrar que todo ser humano é capaz de recomeçar, o ser humano é maior que seu próprio erro. Eu tinha, sim, a vontade de continuar no futebol, até porque é um sonho de criança, que foi realizado. E infelizmente não consegui. Deixei isso em terceiro ou quarto plano por causa da pressão midiática. Onde eu saio, aonde eu vou, eu arrasto multidões. Sou abraçado, acolhido, principalmente no Rio de Janeiro. Então, o que mais pegam no meu pé é a questão midiática”, justifica ele, que há dois anos cumpre pena em regime semi-aberto.
“O futebol mudou muito. Hoje eles olham para essa questão de imagem, o jogador bad boy não é enxergado como era antigamente, o futebol mudou muita coisa nesse sentido. Então a mídia meio que colocou sobre o Bruno uma prisão perpétua, como se ele não pudesse recomeçar. Sendo que a nossa legilslação fala que a gente tem que ser ressocializado, com trabalho, para ser o provedor da casa. No meu caso não. Infelizmente enterraram meu sonho, meus objetivos, minha profissão”, acusou Bruno, esquecendo talvez que a interrupção de sua carreira, dita brilhante para quem entende do esporte, aconteceu quando decidiu eliminar Eliza Samúdio.
Tanto que durante uma entrevista ao canal “Nação Urubu 81”, ele falou dos filhos sem citar Bruninho, de 11 anos.
“Tenho três filhos pra cuidar, hoje a prioridade da minha vida é o mercado financeiro. Tem que estudar bastante, porque não é nada fácil como vendem por aí. Tenho como suporte a minha mentora. Se não tiver uma pessoa que dê esse suporte a gente meio que empolga e faz muita besteira. É um mundo de ostentação, muita gente se empolga, se deixa levar e aí fez besteira. Estou com meus pés firmes na rocha, não tenho empolgação, mas sei que daqui a pouco vou estar colhendo bons frutos”, avalia ele sobre sua entrada no mundo das finanças.
De acordo com Bruno e sua mentora Ingred Raissa, ele está levando o assunto com seriedade. Tanto que recusou propostas para voltar a treinar.
“Depois que anunciei minha suposta aposentadoria, uma pessoa me procurou e falou de um projeto bacana. Eu disse que eu não queria mais saber do futebol, porque iria atrapalhar meus estudos. Surgiram outras propostas, até de um clube de Alagoas, outro de Fortaleza e Londrina para disputar a série B. Eu optei em não mais seguir na carreira”, garante.
Bruno já vai fechar o primeiro trimestre operando com ações e compara sua dedicação com a que tinha no Flamengo e outros times pelos quais passou.
“Estou buscando ser consistente no mercado financeiro. Pés no chão, quero fazer isso como profissão, não sou trader profissional, não estou preparado para assumir o investimento de outras pessoas. Eu sempre tive disciplina dentro da minha área, ali dentro. Fora dali é outra coisa. Nunca faltei, nunca cheguei atrasado. Sempre dedicado. Era um sonho, então eu tinha que me manter. Se amanhã ou depois acontecer uma proposta excepcional, aí, sim, a gente tenta conciliar”, avisa.
Os apresentadoes do canal quiseram saber se Bruno faria um jogo de despedida caso o Flamengo o chamasse:
“Precisava nem ser um jogo de despedida. Eu fico muito triste quando chega o dia do goleiro e não postam uma foto do Bruno. Eu vejo torcedor cobrando isso. É isso que me deixa chateado. Independente do que tenha acontecido com a minha vida pessoal, a Justiça me condenou, não existe prisão perpétua no Brasil, eu cumpriu, estou tentando me reerguer, e eles postam foto de todos os goleiros, menos a do Bruno. mas o que me motiva é o torcedor do Flamengo lembrar de mim. Por mais que a imprensa tente não vai apagar minha hisória no Flamengo. Vão apagar o título de 2009? Na Europa, os clubes protegem seus ídolos. se eu ainda sou visto como ídolo do Flamengo,m pelo torcedor, por que não colocar uma foto minha só no dia do goleiro? ”
Após 11 anos, até hoje Bruno e Bruninho não se viram. Ele chegou a pedir um teste de DNA enquanto estava preso, mas a Justiça considerou desnecessário diante de todas as circunstâncias entre o nascimento do garoto e o assassinato da mãe. Além disso o agora ex-goleiro nunca cumpriu com as obrigações legais e financeiras determinadas em lei e Bruninho jamais recebeu a pensão alimentícia, objeto da ação que Eliza movia contra Bruno alguns dias antes de desaparecer.