Marina elogia Gladson e outros governadores por ação pela Amazônia e fala em “plano independente”

A iniciativa dos governadores de nove estados da Amazônia Legal, entre os quais o do Acre, Gladson Cameli, que culminou com o lançamento do Plano de Recuperação Verde (PRV), com o objetivo de levantar R$ 1,5 bilhão em recursos internacionais para financiar projetos de desenvolvimento sustentável e de combate ao desmatamento, foi elogiado pela ex-senadora e ex-ministra de Meio Ambiente, Marina Silva. A senadora concordou que o plano possa vir a ser uma ação complementar e independente do governo federal, hoje isolado no exterior por conta das suas políticas antiambientais, para ajudar a proteger a região. “Que dê bons frutos”, disse a ex-senadora acreana sobre a proposta.

De acordo com a proposta, uma parte dos recursos previstos pelo plano viria do Fundo Amazônia, congelado desde 2019 por divergências entre o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e os países doadores, Alemanha e Noruega, acerca de sua governança. Para isso, seria necessário destravar as conversas diplomáticas entre os países, o que pode ser facilitado com a saída de Salles do Ministério do Meio Ambiente, o que ocorreu no mês passado. Salles era tido como o principal responsável pelas desavenças políticas em torno do Fundo Amazônia.

De acordo com o jornal “Valor”, o coordenador do grupo de governadores, o maranhense Flávio Dino, espera ter estes recursos liberados ainda neste semestre. Outra parte do dinheiro para o plano viria da Coalizão Leaf, uma iniciativa internacional encabeçada pelos governos dos EUA, Reino Unido e Noruega para o financiamento de projetos de conservação florestal. O plano é estruturado em quatro eixos: combate ao desmatamento ilegal; desenvolvimento produtivo sustentável; investimentos em tecnologias verdes e capacitação; e infraestrutura verde. Nestas frentes, estão previstas ações como reforço à fiscalização ambiental, apoio à piscicultura de espécies nativas, incentivos e controle da pecuária, fomento ao extrativismo e investimento em saneamento básico.

Vivendo em São Paulo, Marina Silva disse que a proposta dos governadores da região é uma “importante a iniciativa que propõe uma recuperação da região com base em eixos como o fomento a uma economia baseada nas aptidões do bioma; tecnologias verdes; infraestrutura verde e combate ao desmatamento ilegal”.

Segundo a ex-ministra, lamentavelmente “governos subnacionais (estaduais) precisam fazer uma articulação dessa magnitude sem o devido suporte do governo federal, em função da falta de compromisso e de uma visão estratégica e atualizada deste, para resolver também os entraves diplomáticos no acesso a financiamento para as atividades propostas no Plano de Recuperação Verde (PRV)”. Para Marina Silva, o Fundo Amazônia, com doações alemãs e norueguesas e que foi congelado pelas ações com baixa inteligência realizadas por Ricardo Salles, “é uma possível fonte de financiamento e a outra, uma coalizão que envolve EUA, Reino Unido e Noruega, para ações de conservação florestal”.

A ex-ministra afirmou: “Por ocasião de uma reunião da ONU, tive oportunidade de conversar com o Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, sobre a crise climática e o papel da Amazônia. Ainda sob o impacto do gigantesco aumento das queimadas no bioma e inspirada em nossa conversa, publiquei um artigo em que sugeria um “um modelo de conservação orientado pela ciência e inspirado nos conhecimentos tradicionais de seus povos originários”, uma espécie de Plano Marshall para a região, envolvendo todos os países amazônicos, ancorado por todo um acervo de conhecimentos da gestão pública, da sociedade ativista e da academia que já somam 30 anos”.

Para ela, para a Amazônia há disponíveis “recursos, inteligência, conhecimentos e saberes modernos e ancestrais, e já foi feito até um plano de desenvolvimento sustentável para a região, produzidos para fazer da Amazônia uma generosa solução para o Brasil e para o Planeta”. O que falta para isso, ela acrescenta, é “vontade política e a competência de um governo federal que consiga retirar tudo isso da condição de possibilidade para colocar na prática, tornando realidade. Ainda bem que os governadores estão conseguindo se articular para iniciar algo. Que dê frutos”.

PUBLICIDADE