As manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro, realizadas no último sábado perderam tração. Organizadores admitem que o número de pessoas nas ruas foi menor e avaliam que essa queda pode ser um efeito do recesso nos trabalhos da CPI da Covid no Congresso.
Apesar disso, tanto os organizadores, quanto cientistas políticos destacam um ponto positivo nos atos do fim de semana: uma maior capilaridade dos protestos, que foram registrados em mais cidades do que havia sido visto no início do mês.
Segundo Josué Rocha, da Frente Povo sem Medo, sem fatos novos vindos das audiências da Comissão Parlamentar de Inquérito, houve uma redução no número de pessoas que vão para as manifestações impulsionadas pelas notícias da semana.
Mas Rocha acredita que é preciso considerar o fato de os protestos terem se espalhados por mais cidades.
“A manifestação foi muito positiva na medida em que ampliou a capilaridade pelo país”, afirmou Rocha, ao lembrar que houve registro de atos em 508 municípios, contra 408 no início do mês.
Para o cientista político Ricardo Antunes, professor de Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, a presença de representantes de legendas fora da esquerda tradicional mostra que há espaço para um avanço das demandas apresentadas nas ruas.
Na avaliação do sociólogo, a vacinação anti-Covid-19 deve impulsionar a participação em protestos, e a tendência é que a pressão passe a ser dirigida ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que detém o poder de decidir sobre a discussão do impeachment.
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), uma das organizadoras do ato, acredita numa atuação mais coesa dos sindicatos, depois da divisão vista no governo Michel Temer.
As bandeiras de luta, diz Patah, são muito claras e elas estão se estruturando para manter uma única voz.
No sábado, manifestantes foram às ruas em todo o país para pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, a aceleração da vacinação contra a Covid-19 e o aumento do valor do auxílio emergencial, hoje entre R$ 150 e R$ 375.
Eles também protestavam contra supostas irregularidades nos contratos de vacinação negociados pelo governo federal e a participação dos militares na política.