Treze peixes-bois que viviam em tanques no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, foram devolvidos à natureza nesta semana. É a primeira soltura desde o começo da pandemia.
A ação, que estava programada para abril de 2020, ocorreu este mês por conta de fatores como a vazante do rio, o estado de saúde dos animais e a diminuição do número de casos de Covid-19.
No cativeiro do Inpa, os animais são periodicamente medidos e pesados para acompanhar o crescimento e a engorda, assim como suas condições físicas e de saúde geral. Eles chegam ainda filhotes e se alimentam de uma fórmula láctea desenvolvida a base do leite materno do peixe-boi.
Em cativeiro, eles vão crescendo, ajudando nas pesquisas, até alcançarem idade e preparo para desafiar o que deveria ser natural, a vida nos rios.
Para o começo da jornada até a soltura, um a um, os animais foram retirados dos tanques e levados para um caminhão. Os animais foram examinados. Depois disso, foi o início da viagem para a maior soltura realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
A segurança foi para garantir que os mamíferos não ficassem presos no trânsito. No barco, outros tanques estavam preparados.
Foram 24 horas de viagem pelos rios Negro e Solimões, até o baixo Purus.
Depois da longa viagem, hora da despedida para quem cuidou dos animais por anos.
“A gente cuida desses bichos desde pequeno. É uma satisfação enorme chegar aqui e devolver para a natureza”, disse o tratador Raimundo de Oliveira.
Os animais foram soltos na Piagaçu-Purus, uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável com áreas exclusivas para a pesquisa. Lá, caça e pesca só são permitidas para ribeirinhos moradores que seguem a prática da conservação. São mais de 800 mil hectares e mais da metade dessa área é de várzea, ambiente ideal para a moradia do peixe-boi.
O projeto de soltura dos peixes-bois existe desde 2008, mas foi em 2016 que começaram os resultados. Ao todo, 31 animais já foram soltos, com bons sinais.
“A gente conseguiu recapturar uma das fêmeas. Quase dois anos depois da soltura dela, a gente conseguiu constatar que ela estava grávida. A reprodução do indivíduo que foi devolvido para a natureza é o maior indicador de sucesso. Quando a gente trouxe ela para terra e viu o barrigão, foi muito emocionante”, disse o biólogo Diogo Souza.