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Acreana de 99 anos dá a receita da longevidade: o perdão e uma taça de vinho

Por TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

O segredo para uma vida longa e com saúde passa por coisas simples, como o perdão às ofensas, inclusive das pessoas mais próximas, solidariedade e carinho para com o próximo, uma tacinha de vinho aqui e acolá, despreocupações e jogo de baralho com os amigos e familiares. A receita é dada por quem, de fato, entende do assunto, a dona de casa acreana Dinorá Gadelha Ribeiro, moradora de Rio Branco, que acaba de completar 99 anos de idade, a qual, a depender dela própria, vai bem mais longe.

“Eu só quero é ficar tão velha que possa dar trabalho aos outros. Quero ir longe, mais assim como estou”, diz ela, lúcida, fisicamente sadia, que não faz esforço físico (“sempre destetei porque esse negócio de fazer força não é comigo”, diz, rindo). Em compensação, ela nunca fumou nem bebeu, embora, seja fiel a um hábito antigo: tomar uma taça de vinho tinto e suave, diariamente. “Até perguntei a minha médica se poderia continuar tomando meu vinho, e ela me liberou”, conta dona Dinorá.

Foto da mãe de Dona Dinorá, natural do Ceará

Natural de Sena Madureira, filha de cearenses que se aventuram na Amazônia em busca da riqueza que brotavam das árvores seringueiras, Ananias da Costa Gadelha e Raimunda Pereira da Silva, eles tinham como destino o Estado do Amazonas e acabaram indo parar na fronteira com o Acre, na região do Iaco. Dali para o Acre, foi só uma questão de tempo.

Dona Dinorá é a segunda mais velha de dez irmãos, entre os quais os advogados Ananias Gadelha Filho, que fez carreira na magistratura como juiz, e Edmir Borges Gadelha, funcionário aposentado da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), ambos já falecidos. Aliás, dos dez irmãos, cinco já se foram e só restam cinco, com dona Dinorá na condição de matriarca. “Éramos felizes e muito unidos. Eu digo que criei o meu irmão Ananias”, diz ela, sobre o magistrado falecido.

Dona Dinorá, casada com o português naturalizado brasileiro Gaspar Barbosa Ribeiro, o “Nino’, um funcionário público federal falecido em 1981, não teve filhos naturais. “A gente andava muito, por causa das atividades do meu marido. Moramos no Rio, no Sergipe, em Portugal e em locais que eu já nem lembro. Não sei se foi por isso, mas o fato é que não tivemos filhos naturais. Mas adotamos sobrinhos e hoje me considero até bisavó”, diz.

Dinorá é a segunda mais velha de dez irmãos

Dona Dinorá diz que o português que fisgou e levou o altar, na verdade, era namorado de uma amiga dela. “Eu não o queria, porque ele namorava minha amiga. Mas aconteceu que ela foi embora e ele pediu aos meus pais para frequentar nossa casa. Naquela época, um namorado ou pretende frequentar a casa de uma família, já era compromisso”, revela.

Enfim, dona Dinorá revela que em toda vida só teve dois namorados, sendo um antes do português “Nino”, e desde 1981 mantém a viuvez. “Casamento é bom, mas às vezes esse negócio de marido atrapalha, né?”, ela indaga.

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