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Acreano de escola pública é um dos primeiros do Brasil com mestrado acadêmico em desastres naturais

Por EVERTON DAMASCENO, DO CONTILNET

Alan tem apenas 30 anos/Foto: Reprodução

O acreano Alan dos Santos Pimentel, de 30 anos, natural de Rio Branco, ganhou destaque nessa última semana após defender a sua tese de mestrado sobre desastres naturais no Brasil.

Geógrafo formado pela Universidade Federal do Acre (Ufac) em 2014, ele é um dos primeiros do país a receber a titulação do mestrado acadêmico com foco na temática pela Universidade Estadual Paulista, em parceira com Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais. Alan é também o primeiro acreano com mestrado na área.

O cientista sempre foi aluno de escola pública e morou a maior parte sua vida no bairro Taquari.

Quando questionado sobre o que o fez procurar essa área para se especializar, Pimentel disse que já participava de grupos de pesquisa sobre o assunto ainda na graduação. Além do contato com a teoria, ter vivenciado as consequências de um desastre, ao apontar as alagações recorrentes no bairro em que nasceu, lhe fez se interessar pelo assunto.

Alan na apresentação da dissertação de mestrado/Foto: Reprodução

“Durante minha graduação na Ufac, comecei a participar do Grupo de Pesquisa em Gestão de Riscos de Desastres no Setem (Setor de Estudos do Uso da Terra e de Mudanças Globais). Foi o meu primeiro contato acadêmico com a temática, a vivência eu já tinha por conta das inundações recorrentes que atingem o bairro onde vivo”, destacou.

“Pelo grupo de pesquisa, comecei a participar e colaborar no MiniMAP – Gestão de Riscos e Defesa Civil, onde participam integrantes da tríplice fronteira (Peru, Brasil e Bolívia) no monitoramento de desastres. Nesse mesmo período, comecei a estagiar na sala de situação de monitoramento hidrometeorológico do Governo do Estado do Acre. Ao me formar, ingressei para o corpo técnico da Sala de Situação, trabalhando no monitoramento de desastres no Acre. Foram aproximadamente 8 anos convivendo com técnicos, pesquisadores, participando de pesquisa e as rotinas diárias de monitoramento, que me trouxeram o anseio de me tornar de fato pesquisador na área”, continuou.

Alan explicou que 2019 foi o ano em que surgiu a oportunidade de ingressar no mestrado.

“Em 2019, surgiu a oportunidade de tentar uma vaga no mestrado acadêmico em desastres, no qual fui aprovado em primeiro lugar. Pedi exoneração do meu cargo na Sala de Situação e vim morar em São José dos Campos (SP). O maior motivador pelo mestrado acadêmico foi o de buscar mais conhecimento com o propósito de poder contribuir mais com essa temática que tem impactado tanto a vida das pessoas”, salientou.

O pesquisador conta que a satisfação é grande ao perceber que um acreano ocupa um lugar tão importante na produção de conhecimentos que são indispensáveis para o bem estar das pessoas.

Ao final, ele agradeceu os que fizeram parte de sua caminhada e contribuíram para o sucesso alcançado.

“A sensação é de muita felicidade, de conseguir conquistar além do título, uma bagagem de conhecimento e experiências. Não foi fácil mudar de Estado, ficar longe da família, a rotina de estudos e estar realizando algo que só estava em meus pensamentos. Ser da primeira turma da pós-graduação em desastres é uma grande conquista, tanto para mim quanto para meus pais que sempre doaram o seu melhor para mim. Não cheguei aqui sozinho, tenho muito para agradecer aos pesquisadores e amigos da Sala de Situação e do Setem, que sempre me incentivaram, aos professores da pós-graduação, em especial a minha orientadora prof. Dra. Tatiana Sussel, que me acompanhou durante toda essa jornada”, concluiu.

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