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Conheça a saga das famílias que procuram por seus filhos na Cracolândia de São Paulo

Por O GLOBO

Foto: Reprodução/GNews

Por duas semanas, o operador de máquinas Jailton Alexandre, de 57 anos, percorreu diariamente os 122 quilômetros entre sua casa, no município paulista de Nova Odessa, e a Estação Júlio Prestes, no Centro de São Paulo. As viagens pela Rodovia dos Bandeirantes eram marcadas pela angústia. Jailton saía em busca do filho, Gabriel, de 24 anos. Viciado em drogas desde os 16, o jovem começou com maconha e pulou para a cocaína no ano seguinte, até que mergulhou no crack. No início, a família não sabia como lidar com o problema. Desde janeiro, quando Gabriel passou a vender objetos da casa para comprar droga, decidiram intervir. Em agosto, os pais o convenceram a ir para uma clínica em São José dos Campos, de onde o rapaz, sem suportar a abstinência, fugiu pela porta da frente na calada da noite.

O sumiço do filho deixou Jailton em pânico. Como a clínica ficava a 200 quilômetros de casa, ele não sabia por onde procurá-lo. “Eu fechava os olhos e imaginava ele vagando na beira da rodovia”, lembra. Uma semana depois, Jailton recebeu uma ligação no celular de um número desconhecido. Era o filho pedindo dinheiro para comprar “rapadura”, gíria usada para denominar a pedra de crack. Jailton perguntou onde Gabriel estava, mas ele desligou. Ao ligar de volta, foi atendido por um traficante. Gabriel estava na Cracolândia sem dinheiro e fissurado por um pedaço de rapadura. O traficante propôs uma transferência via pix para entregar a ele, naquele instante, 10 gramas da droga. Jailton encerrou a conversa ali. No dia seguinte, foi para a Cracolândia.

— No meio daquela multidão, passei a caminhar por ruas, becos e praças. Era como procurar agulha no palheiro — diz Jailton.

A Cracolândia de São Paulo é a maior feira livre de drogas a céu aberto do país. Oficialmente, o local corresponde a um quadrante de aproximadamente 10.000 metros quadrados na região da Luz, no Centro, formado pela rua Helvétia e Largo Coração de Jesus, incluindo as alamedas Piracicaba e Dino Bueno, estendendo-se até a Praça Princesa Isabel.

Uma pesquisa por amostragem feita pela Unidade de Pesquisa em Álcool e outras Drogas (UNIAD) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgada em 2020, revelou que 78% dos frequentadores do “fluxo” moravam com a sua família antes de se mudar para a Cracolândia, assim como 68,6% dos entrevistados disseram nunca ter ficado em situação de rua antes de experimentar drogas.

Leia aqui a reportagem completa.

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