Em entrevista exclusiva, ex-jogador do AC revela detalhes sobre carreira: “Mariceldo é um dos maiores que já vi no Acre”

O acreano Artur Duarte de Oliveira, ou simplesmente “Rei Artur”, como é conhecido pelas ruas de Belém ou Porto, sempre que é abordado por torcedores de Leão e Dragão, respectivamente, possui uma história significativa no futebol. Em mais de 15 anos de carreira, conseguiu ser ídolo por vários clubes, levantar troféus importantes e ter seu legado imortalizado na mente dos que o viram jogar como meia ofensivo, um camisa 10 “clássico”.

Além de ter um talento nato nos pés, sua dedicação nos jogos e o respeito pelas torcidas dos clubes em que atuou lhe propiciaram ser respeitado mesmo em situações difíceis, como quando foi treinador do Remo em 2008 e 2018, tendo seu nome envolto em polêmicas por situações adversas em campo, com o intuito de eximir de culpa dirigentes, que o usavam como escudo para críticas.

A resposta da torcida veio em 2020, quando foi eleito “O melhor camisa 10” da história do Clube de Periçá. Atualmente, o ex-jogador estuda propostas para treinar clubes de fora do país, enquanto dá atenção a sua escolinha de futebol em Rio Branco, após rápida passagem como treinador no Trem, de Macapá. Confira abaixo a entrevista exclusiva para a ContilNet.

MT: Artur você construiu uma carreira significativa no mundo da bola, jogando em clubes de expressão do Brasil e da Europa, conquistando títulos importantes, mas seu início foi em Rio Branco, sua cidade natal. Conte um pouco do seu início no futebol.

AO: Sempre joguei em vários campos de pelada e de várzea da minha cidade, sobretudo no campo do Maracutaia, no bairro da Estação Experimental. Depois fui jogar no time do Amapá no infantil e juvenil,  com passagem no Juventus do Acre. Joguei também no futsal do Piaui (AC) e depois fui para o Sumov do Ceará. Nas férias, vim jogar no Independência de Rio Branco para a disputa da Série B do Brasileiro de 91, onde ganhamos do Paysandu, que seria o campeão, por 3 a 0. Isso fez com que eu fosse disputado por Remo e Paysandu, e acabei indo para o Remo naquele ano. O resto é a história de superação de um garoto da periferia que queria ser jogador de futebol! Foi com muita luta e dedicação que construí minha carreira.

MT : No início da sua trajetória, quem eram os seus ídolos do futebol? Sempre atuou como meia atacante?

AO: Sempre joguei do meio para a frente, e o jogador que me espelhava era o Mariceldo, um dos grandes camisas 10 que o nosso estado já teve. Foi meu ídolo e espelho para minha carreira.

MT: Chegou a pensar em abandonar a carreira antes de ser profissional? E se não fosse jogador, qual área você gostaria de atuar quando jovem?

AO: Não, nunca pensei em desistir, sempre acreditei que seria jogador de futebol, mesmo nos piores momentos.

MT: Você participou de campanhas inesquecíveis do Leão, como o acesso para Série A em 92. Quais os momentos mais marcantes para você nesse período?

Rei Arthur: “Nunca pensei em desistir, sempre acreditei que seria jogador de futebol, mesmo nos piores momentos”. Foto: cedida

AO: Quando eu pisei pela primeira vez num jogo no Baenão lotado foi arrepiante, toda a torcida pedia meu nome. Houve uma forte disputa entre Remo e Paysandu pela minha contratação e no dia da minha estreia, a torcida cantava “Ei, ei, ei, o Artur é nosso Rei”, e o apelido pegou na hora! Já estreei fazendo gol, depois ganhamos o tri, conseguimos o acesso e logo em seguida sou vendido para o Boavista de Portugal por R$ 300 mil dólares. Foi um período relativamente curto nessa primeira passagem, mas foi muito marcante. Até hoje, o carinho que eu tenho da torcida, com muitos pais dando meu nome para os filhos e o reconhecimento nas ruas mostram que o trabalho foi bem feito.

Arthur em campo. Foto: Arquivo pessoal

MT: No Porto de Portugal você também é ídolo, chegando a ganhar 3 títulos nacionais. Conte como foi sua passagem por lá.

AO: Depois de boas temporadas no Boavista, fui o melhor da temporada. Tive a proposta dos três grandes de Portugal (Benfica, Sporting e Porto) e uma proposta de um clube europeu. Optei pelo Porto a pedido do treinador inglês Bob Robinson. Antes de chegar ao clube, eles nunca haviam sido tricampeões nacionais e conseguimos ser pentacampeões. Lá eu pude ser reconhecido a nível mundial, jogar a Champions League e ganhar muitos títulos. Sou muito grato a essa minha passagem. Minha estreia na Liga dos Campeões foi com gol sobre o Milan, no San Siro, a torcida sempre lembra essa fato quando me vê em Portugal. Eles reconhecem meu trabalho pelo clube.

MT: Outro lugar que você teve destaque foi no Vitória, chegando às semifinais do Brasileirão. Depois, jogou em outros clubes e encerrou a carreira no Remo, em 2004, com o título de 100% do Parazão. Olhando em retrospecto, como você analisa sua carreira no futebol?

AO: Voltei em 99 ao Brasil para o Vitória, jogar com o Petikovic e o treinador Ricardo Gomes. Conquistei uma Copa do Nordeste, um Campeonato Baiano e a semifinal do Brasileirão. Depois passei por outros clubes, como o Botafogo, mas sempre disse que iria encerrar a carreira no Clube do Remo, o que aconteceu em 2004. Foi o clube que me projetou e, de quebra, conseguimos o título de 100% do campeonato paraense, vencendo todos os jogos. Foi uma despedida a altura da minha carreira, ao lado da fanática torcida azulina. Eu abdiquei de muitas coisas nos anos de futebol, de tempo com minha família, mas acredito que, no fim, todo o sacrifício valeu a pena.

Arthur: “Eu abdiquei de muitas coisas nos anos de futebol, de tempo com minha família, mas acredito que, no fim, todo o sacrifício valeu a pena”. Foto: Cedida

MT: O que você acha da gestão do presidente azulino Fábio Bentes até aqui? Qual a diferença dele para os outros gestores do passado, na sua opinião?

AO: O Fábio é um grande cara, meu amigo pessoal. No tempo das “diretas já”, que a torcida pedia voto dos sócios para definir o presidente do Remo, eu já falava com ele. Um presidente que literalmente veio “da torcida”, um remista 100%, que acompanhou os momentos difíceis do clube e mostra, de forma satisfatória até aqui, como ser um grande gestor de clube. É um trabalho espetacular, o Remo vem mudando de patamar a olhos vistos, com CT, Baenão aberto, responsabilidade financeira… Acredito que logo logo o time estará na primeira divisão!

Arthur acredita na equipe. Foto: Cedida

MT: Você teve duas passagens pelo Remo, em 2008 e 2018, conquistando um título paraense. As duas passagens foram conturbadas no final. Acredita que dirigentes ou pessoas ligadas ao clube quiseram manchar sua imagem para mascarar seus próprios erros?

AO: Em 2008, quando treinei o Clube do Remo, estava no Ananindeua fazendo um bom trabalho, com um projeto bem feito pela diretoria, mas o Remo estava em último lugar no Parazão e me chamaram para salvar o time que me projetou no futebol. Minha estreia foi num clássico contra o Paysandu, em que vencemos por 2 a 0. O time embalou e fomos campeões do torneio. Na disputa da Série C, problemas que já vinham ocorrendo, como atrasos de salário e até de coisas básicas, como falta de bolas para treinar e isotônico para os atletas, acabaram comprometendo o rendimento em campo. Dois jogos antes de terminar o torneio, fui demitido, e quiseram colocar toda a responsabilidade sobre mim. No futebol isso é muito comum, mas o mais importante é o reconhecimento do torcedor, que não se deixou levar por boatos maldosos. Em 2018, cheguei em outra situação difícil, o time até jogava bem, mas a bola não entrava, tudo dava errado. Mas não guardo arrependimentos, não diria não para esse clube do qual tenho grande gratidão por ter feito parte da minha história no futebol.

MT: Você tem uma arena de futebol na capital acreana. Além dela, quais atividades você desempenha fora do futebol?

AO: Sou proprietário de uma escolinha de futebol, a “Artur Soccer”, formando jogadores para seguirem seus caminhos no futebol, sejam no profissional ou amador. Tenho também projetos de ser treinador em Portugal, estou estudando algumas possibilidades. Para isso, estou estudando e me qualificando para seguir carreira como “Mister”.

Arthur em entrevista à TV Liberal, afiliada Globo. Foto: Arquivo pessoal

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