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Empreendedorismo: No Acre não neva, mas tem Boneco de Neve

Por ASCOM

Quando seu José Geraldo Xavier, 46, decidiu levar sua fábrica para a Rodovia AC-40, já praticamente na saída de Rio Branco em direção ao município do Quinari, e, ali mesmo, abrir um espaço para o público consumidor, foi tachado de louco. Em menos de um mês de inauguração, completado no dia 1º de agosto, a Indústria de Sorvetes Boneco de Neve, que tem 4 mil metros quadrados de área construída, capacidade para atender 280 pessoas sentadas e espaço kids, já está sendo ampliada para poder atender a demanda, que só aumenta.

“Existem muitos bairros aqui no entorno. E são muito grandes. É como se fosse outra cidade, e eles eram carentes de algo desse tipo aqui”, relata o empresário. “Vem gente de todo lugar aqui. Ciclistas a passeio, os moradores dos bairros do entorno e até do Quinari. Com o tempo, aqueles que criticaram, falaram que eu realmente estava certo”, ri.

Natural de Minas Gerais, Xavier chegou ao Acre em 1994. Depois de trabalhar como assalariado, decidiu montar o próprio negócio usando como experiência o trabalho como sorveteiro em seu estado natal. Foi, então, que nasceu a sorveteria Boneco de Neve, em 2001. Logo em seguida, o empreendimento se expandiu para outros ramos culinários, oferecendo lanches e, posteriormente, refeições completas.

O negócio cresceu de tal forma, que foi necessário separar os estabelecimentos e dividir a gerência com familiares. “Eu não estava mais dando conta”, admite. Há cinco anos, ele tomou a decisão de construir sua indústria praticamente fora da cidade. Devido à pandemia, foi necessário ficar quase dois anos sem poder abrir as portas para os clientes. Para driblar a crise, ele decidiu romper os limites da capital, levando seus produtos para todo o estado. Foi assim que o empresário conseguiu prosperar sem precisar demitir nenhum funcionário.

Para o presidente da FIEAC, José Adriano, o êxito do colega empresário mostra que crise e oportunidade são dois lados da mesma moeda. “A pandemia fez com que o setor se reprogramasse e se reinventasse. Alguns conseguiram fazer isso e prosperar, mesmo quando tudo parecia perdido. É o caso do Geraldo, que tem todo o nosso respeito e admiração, por sua persistência, criatividade e otimismo”, reconhece.

O SEGREDO – A capacidade de produção da indústria é de mil litros de sorvete e 20 mil picolés por dia – sendo 2,5 mil por hora. Atualmente, o negócio gera 53 empregos diretos (juntando as duas lojas, Bosque e Rodovia AC-40) e já exporta até para o interior do Amazonas, faltando apenas organizar a logística para alcançar, também, o estado de Rondônia. Apesar de ser um dos raros exemplos de prosperidade em meio a uma crise mundial, seu Geraldo afirma que os empreendedores locais sofrem com a concorrência de empresas de fora do estado, que pagam menos impostos para vender aqui.

“Não deveria ser assim. Isso acaba nos prejudicando, pois eles conseguem vender o mesmo produto com preço bem mais baixo do que o nosso”, argumenta. No entanto, a carteira de clientes da Boneco de Neve, cada vez maior e fiel, parece não se importar com o fato. O segredo, ele entrega: “Temos que ter mercadoria e qualidade sempre. Não podemos deixar o cliente na mão. Ele tem que chegar aqui – ou onde quer que nossos produtos sejam vendidos – e encontrar o que quer. Nada pode estar em falta, senão corremos o risco de perder esse cliente para sempre”, ensina.

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