A diferença da inflação deste ano é que ela recebeu um componente altamente explosivo que fez a alta de preços se alastrar por toda a economia.
Produtos que são considerados preços de referência, isto é, entram na formação de outros preços, como diesel, energia elétrica, por exemplo, dispararam e contaminaram os demais.
Deste grupo, o preço mais visível para o brasileiro de maior renda aparece na bomba de gasolina, com o litro vendido por até R$7. Para os mais pobres, o preço de referência é o gás de cozinha, cujo valor do botijão beira hoje R$ 100 e acumula alta de mais de 30% em 12 meses.
“A inflação deste ano está mais ‘democrática’: atinge ricos e pobres”, resume o coordenador de índices de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz.
Ele explica que enquanto carestia batia só nos alimentos, os mais pobres eram os mais afetados, porque consomem mais esses itens.
Enquanto isso, as famílias mais abastadas não tinham a percepção, na mesma intensidade, de que a inflação tinha disparado.
Impedido de gastar com serviços, de circular de carro e de viajar de avião por causa da pandemia, o estrato social de maior renda viu muitos preços de produtos e serviços que consumia estacionados ou até em queda no ano passado por causa do isolamento social. Com isso, os ricos conseguiram poupar.
Mas o que se vê neste ano é que a pressão de preços se espalhou. A desvalorização do câmbio, que turbinou as cotações em reais do petróleo e dos combustíveis, e a crise hídrica, que afetou a geração de energia e as tarifas e reduziu a produção agrícola, fizeram a inflação tomar outro rumo.
Os vilões
Itens que superaram a inflação acumulada nos últimos 12 meses até agosto de 2021 e pesam no bolso do brasileiro
Gráfico: Estadão Fonte: Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE Obter dados Criado com Datawrapper