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No Acre, MP detalha dados de feminicídios; estado ainda está entre os que mais matam por questão de gênero

Por TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

Procuradora Patrícia Rêgo. Foto: Acervo MPAC

Na próxima semana, início do mês de setembro, deverá vir a público a mais completa publicação no Acre sobre a prática do feminicídio, como é chamado o crime de assassinato de mulheres por questão de gênero e no qual o o estado é. proporcionalmente, é o terceiro do país, perdendo apenas para o Amazonas e Mato Grosso depois de liderar, por longo período, o vergonhoso primeiro lugar nesta prática de crimes. A divulgação será feita em plataformas do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), após estudos sobre esta prática criminosa nos últimos quatros anos.

Os dados a serem divulgados deverão deixar para posterior publicação o número de mortes de mulheres assassinadas por ex-companheiros no ano de 2021 no Acre, cujo número já seria de pelo menos seis – o último ocorreu no último dia 17 de agosto, quando o autônomo Antônio Uilamo Bezerra, o “Ceará”, esfaqueou a esposa, a gerente de restaurante Maria Ivanilde da Silva, de 44 anos.

O crime ocorreu na Rua Santa Maria, no bairro João Eduardo II. Após furar a esposa por perlo menos sete vezes, “Ceará” desferiu vários golpes de faca em si próprio, tentando suicídio. Levada ao Pronto Socorro, a mulher morreu no dia seguinte, enquanto “Ceará”, mesmo gravemente ferido, segue em recuperação e inclusive já saiu da UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e está sendo esperando para ser encaminhado à penitenciária estadual como assassino.

Mesmo com casos como o último relatado acima, o Acre saiu do vergonhoso caso de primeiro lugar na classificação nacional. Mesmo assim, no período pesquisado pelo MPAC, os últimos quatros anos, o número de mulheres abatidas por questões de gênero, o chamado feminicídio, quando o assassinato de uma mulher é cometido devido ao devido ao desprezo que o autor do crime sente quanto à identidade de gênero da vítima, é de pelo menos 37 casos – uma média de 12 por ano, um assassinato por mês.

O agravamento mais crítico deste tipo de crime levou as estatísticas para nada desprezíveis 300% de aumento no período pesquisado, o maior da região Norte. Na região, o total de casos passou de um para quatro ao longo do bimestre. Também tiveram destaque negativo o Maranhão, com variação de 6 para 16 vítimas (166,7%), e Mato Grosso, que iniciou o bimestre com seis vítimas e o encerrou com 15 (150%). Os números caíram em apenas três estados: Espírito Santo (-50%), Rio de Janeiro (-55,6%) e Minas Gerais (-22,7%), em igual período.

O MPAC ainda não fala abertamente sobre as próximas publicações em torno do tema porque há vedações impostas pela Procuradoria Geral de Justiça, a qual quer, com o resguardo da divulgação, criar um fato impactante quando do lançamento dos números e das histórias em torno de cada assassinato de mulheres.

“Estou sendo advertida de que não posso falar sobre o assunto antes da divulgação, mas minha independência funcional me permite falar que os crimes de feminicídios não são pontos fora da curva. Não são crime cometidos por exacerbação, por emoção. Quando uma mulher é vítima de feminicídio, ela já vem sendo maltratada desde muito tempo e o crime de morte é apenas o ápice dessa violência”, disse a procuradora de Justiça Patrícia do Amorim Rego, coordenadora do grupo de estudos responsável pela próxima divulgação.

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