Num Brasil de profundas contradições, em que em algumas cidades do país as pessoas fazem filas para recolher ossos em açougues para garantir a ingestão de alguma proteína animal, agências ligadas ao agronegócio anunciaram nesta quarta-feira (11) aumento na produção de carne bovina da raça angus. A carne do boi Angus é uma das mais caras do país por ser de alta qualidade porque apresenta de 3 a 6 mm de gordura e atende as exigências do mercado europeu. Trata-se de carne marmorizada, com gordura entremeada, o que lhe confere a já famosa maciez e sabor.
A venda deste carne especial no país acumula um crescimento de 18,5% no primeiro semestre de 2021, atingindo 12,858 mil toneladas, segundo dados divulgados nesta quarta, pela Associação Brasileira de Angus em coletiva de imprensa virtual. Na primeira metade do ano passado, a raça angus havia registrado produção de 10,882 mil toneladas.
A gerente do Programa Carne Angus Certificada, Ana Doralina Menezes, destaca que esse crescimento significativo levou em conta a inclusão de cortes de dianteiro no programa. “Com a pandemia de coronavírus e o fechamento de restaurantes, o consumidor se viu obrigado a preparar seu próprio churrasco. Com isso, houve uma demanda maior por parte do varejo com o intuito de oferecer novas opções de cortes aos consumidores, com os cortes de dianteiro, que tem a mesma qualidade dos cortes de traseiro”, explica.
Ana disse que além dos cortes tradicionais de picanha, maminha, alcatra, a programa passou a oferecer cortes como acém, raquete, peito, granito, entre outros, que antes eram não eram encontrados de forma separada da peça de dianteiro, mas que oferecem a mesma qualidade padrão da carne angus. “Com isso, o volume de cortes por carcaça aumentou, chegando a uma média de 69,81 quilos em 2021, contra 58,84 quilos em 2020, o que proporcionou, também, um melhor aproveitamento por parte das indústrias”, avalia.
No que tange às exportações, Ana informa que os volumes de carne angus embarcados na primeira metade de 2021 avançaram 21,5% em relação ao mesmo período do ano passado. “Foram exportadas 338,872 toneladas de carne Angus de janeiro a junho, contra 279,088 toneladas na primeira metade do ano passado, tendo como destinos principais China, Cingapura, Hong Kong, Indonésia, Rússia, Catar, Arábia Saudita e Irã”, sinaliza.
Na contramão do cenário vivenciado pelo Brasil, que registrou uma redução de 8% nos abates de bovinos na primeira metade deste ano, o cenário vivenciado pela raça Angus foi de crescimento. Segundo Ana Doralina Menezes, os abates da raça Angus apresentaram um crescimento de 4% no primeiro semestre, atingindo 121.588 cabeças, contra 117.320 animais no mesmo período do ano passado. “Nossa expectativa é de que os abates da raça angus sigam em crescimento até o final do ano”, disse.