Com a aproximação do fim da pandemia do coronavírus, que permitirá as aglomerações e a realização dos chamados festivais de praias, a preocupação dos bombeiros e Defesa Civil não é mais só com o registro de ocorrências de afogamentos e acidentes náuticos. A preocupação agora é com um peixinho que vive nas águas doces e turvas dos rios Amazônicos, que embora seja diminuto – com tamanho entre 5 a 12 centímetros – é capaz de promover grandes estragos no ser humano.
Trata-se do candiru, que é capaz de entrar no ser humano, pela genitália ou anus, tanto de homens como de mulheres e, para ser removido, tem que ser à base de cirurgia, com muito sofrimento para o paciente. Ele entra no corpo humano através da uretra – no caso dos homens – ou reto e pela vagina, nos casos das mulheres, principalmente se o banhista urinar ou defecar na água.
As advertências sobre a ação deste tipo de peixe foi feita pelo coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, Major Carlos Falcão, ao alertar que os banhistas que frequentarem áreas onde há o registro deste animal correm riscos, principalmente crianças. Major Falcão disse que, quando estava no Corpo de Bombeiros, já foi chamado a atender ocorrências neste sentido e que a cena é apavorante.
“O peixe tem uma dentição de serrilha. Quando ele no organismo humano, já vai mordendo e ferindo o organismo e o corpo atingido não tem mais condições de expeli-lo, sendo necessária à intervenção médica”, disse Carlos falcão. A presença do peixe no Acre é detectada em vários pontos utilizados pelos banhistas como o Igarapé Bahia, no Alto Acre, e no próprio rio; em Cruzeiro do Sul, no Igarapé Preto, e em Tarauacá, na principal praia da cidade. Já houve registro da existência deste tipo de peixe também em Fortaleza do Abunã, em Rondônia. Todos os locais citados são pontos turísticos e preferidos pelos banhistas.
O candiru é um peixe da família Trichomycteridae, em que estão inseridas mais de 280 espécies em cerca de 40 gêneros, muitos conhecidos como parasitas. Um professor doutor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Einbergh Caldas de Oliveira, especialista em ecologia dos peixes amazônicos, revela que bagres representantes dessa família ocorrem da Costa Rica até a América do Sul.
Algumas espécies são hematófagas, pois se alimentam de sangue. Na região amazônica, a mais popular dessas espécies é do gênero Vandellia. Há também candirus que são carnívoros, no sentido de se alimentarem de microcrustáceos e invertebrados aquáticos e por isso também identificados como peixes vampiros porque são e encontrados nas brânquias (popularmente conhecida por guelra) dos grandes bagres. É ali onde está o sangue que circula para respiração dos grandes bagres. Além do sangue, a urina também atrai o peixe.
Há uma ameaça também em relação ao chamado Candiru-açu, uma outra espécie também encontrada nos rios da Amazônia. Trata-se da família Cetopsidae e tem importância na cadeia alimentar aquática, sendo responsável pela limpeza da matéria orgânica morta e dos restos de outros peixes nos ecossistemas de rios e lagos de nossa região. O problema é quando encontram humanos pela frente.
A orientação dos Bombeiros anteriormente era para que os banhistas evitassem as águas onde há a presença deste tipo de peixe sem roupa ou para evitar fazer necessidades fisiológicas dentro da água, mesmo com correnteza. “Agora, a gente abe que independente da roupa, este tipo de peixe penetra o organismo humano e isso é muito perigoso”, disse o Major Falcão.