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Presbítero dava R$ 50 por sexo oral em adolescentes que fazem programa em feira

Por METRÓPOLES

Escrita à mão em um pedaço de papel, a mensagem era clara e direta: “Quer ganhar um dinheiro fácil? Pago R$ 50 a mamada”. A proposta feita a dois adolescentes por um presbítero de 50 anos, coordenador de um grupo jovem de uma igreja evangélica, em Samambaia, revelou um esquema de prostituição infantil investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

O local em que os dois irmãos de 15 e 16 anos estavam é um conhecido ponto de prostituição onde jovens vendem o corpo em troca de pouco dinheiro ou porções de drogas. As negociações ocorrem no estacionamento da Feira Permanente de Samambaia, sempre no fim de tarde, logo após o horário comercial.

Investigadores da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia) já haviam recebido informações de que o local era usado como ponto de prostituição por garotos de famílias humildes. Como grande parte da feira está com os boxes fechados, algumas bancas passaram a ser usadas para a prática de sexo após a negociação feita entre os menores e homens que procuram diversão.

Desacerto no programa

O caso envolvendo o presbítero chegou até a polícia após um desacerto entre o adolescente e o religioso. Segundo as apurações, o coordenador do grupo jovem de um templo sediado na região administrativa passou dois dias indo ao local em que os menores fazem ponto. No primeiro dia, o homem deixou um bilhete oferecendo R$ 50 para um dos garotos deixá-lo fazer sexo oral.

No segundo dia, realizou o fetiche com o adolescente dentro do próprio carro. Durante o programa, o religioso acessou pelo menos 15 sites pornográficos usando o aparelho celular. Depois do ato sexual, houve um desentendimento entre o garoto e o presbítero. O menor fugiu do local levando o aparelho de telefone do homem e gritando por ajuda.

Em seguida, uma investigação foi realizada. A perícia demonstrou a presença de saliva e sêmen nas vestes íntimas do adolescente, o que, de acordo com a polícia, comprovou o abuso. O religioso foi indiciado pela prática do crime de favorecimento à prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou vulnerável.

Investigação continua

A equipe de reportagem do Metrópoles passou uma tarde no local e notou a presença de traficantes nas imediações da feira permanente que abastecem os adolescentes. Alguns consumiam as drogas ainda no estacionamento, ao redor do complexo de boxes. O espaço é estratégico para os garotos que fazem programas, pois o mesmo ponto é usado por muitos menores que soltam pipa.

Na tarde em que a reportagem esteve no local, havia pelo menos 30 adolescentes soltando pipa. Segundo o delegado-chefe da 26ª DP, Rodrigo Larizzatti, as investigações envolvendo a prostituição na região prosseguem. “Sabemos que esse caso recente não é isolado. Existem denúncias que apontam a presença de menores fazendo programa e até usando as bancas para fazer sexo”, disse.

Ainda de acordo com Larizzatti, algumas reuniões realizadas na Secretaria de Segurança nas últimas semanas já trataram do tema. “O fato de a feira estar desocupada viabiliza a presença do tráfico e da prostituição. Estamos fazendo um trabalho em conjunto para buscar solução. No que se refere à PCDF, todos os casos que chegam ao nosso conhecimento são apurados”, ressaltou o delegado.

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